Como parte da edição de 2021 da Festa das Águas, que prestigia o dia de Iemanjá em 2 de fevereiro, grupos e artistas da cultura popular do DF prestaram homenagens à Rainha do Mar e à Mãe das Águas Doces, Oxum. Participaram em dois dias diferentes de celebração, na Prainha do Lago Paranoá, os grupos Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro e Àsé Dúdú, no sábado (30/1), e Martinha do Coco e Nzinga Capoeira Angola, nesta terça-feira (2/2).
Os registros fotográficos e audiovisuais de todas as apresentações estão sendo publicados nas redes sociais e nas plataformas digitais do Instituto Rosa dos Ventos e do Seu Estrelo. O primeiro episódio, de oito vídeos que marcam a data comemorativa, será lançado nesta quarta-feira (3/2). Confira e ative o lembrete:
Para garantir segurança ao público e continuidade da expressão cultural e religiosa afro-brasileira, a Festa das Águas 2021 foi dividida em diferentes dias, seguindo protocolos de distanciamento social e paramentação de toda a equipe.
O evento tem ocorrido na Praça dos Orixás desde sábado (30/1), mas sem estrutura de palco ou divulgação do programa ao público. Este poderá acompanhar a cobertura por meio dos stories e publicações nas redes sociais e plataformas digitais. A festa se estende no formato on-line por todo o mês de fevereiro, com publicação semanal dos festejos tradicionais e das apresentações artísticas realizadas durante o período.
Entrega de oferendas
Na manhã desta terça-feira (2/2), assim como no fim de semana, ocorreram os cortejos de xirê (dança em homenagem aos orixás) e a entrega de oferendas biodegradáveis no Lago Paranoá, por membros de diversos territórios de cultura afro-brasileira do DF, o que reforçou o tema da festividade deste ano: “Cuide do Lago Paranoá e receba as bênçãos de Iemanjá”.
A campanha, que destaca a importância do cuidado com o meio ambiente, surge de uma parceria entre o Instituto Rosa dos Ventos e o coletivo de Yalorixás do DF, com fomento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF e apoio da Subsecretaria de Igualdade Racial do DF.
Mãe Jaci da Tenda Cabocla Jurema, na linha de Oxossi, explica o significado das oferendas e a importância de adequá-las às propostas sustentáveis. "Buscando minimizar os conflitos existentes, a necessidade de conservação do meio ambiente e a livre expressão religiosa de nossos irmãos afro-brasileiros, são sempre questionados resíduos religiosos provenientes das oferendas religiosas deixadas na natureza. As oferendas nas religiões afro-brasileiras são práticas realizadas com intuito de estabelecer uma ligação entre os homens e transcendentes. Funciona a partir de uma relação de troca: se oferta para pedir, agradecer ou simplesmente para agradar uma entidade", explica.
"Sob uma nova visão de conservação do meio ambiente, os sacerdotes e sacerdotisas frisam a substituição dos alguidares, recipientes de cerâmica, por folhas. Já no que diz respeito ao uso de bebidas, orientamos que devam ser derramadas sobre a terra no momento das ofertas, recolhendo o recipiente. Determinados comportamentos mostram o importante papel que as religiões e instituições religiosas afrodescendentes desempenham no seio da sociedade enquanto formadores de opiniões e de valores sociais, especialmente sobre a identidade cultural de cada ser humano”, finaliza a mãe de santo.