ENTREVISTA

Ludmilla explora versatilidade na carreira, com álbum de pagode e experiência na TV

Em 2021, a cantora lançou 'Numanice (Ao vivo)', em que aposta em um gênero diferente da trajetória, e também estreou como técnica do The voice+. Em breve, ela estará em 'Arcanjo renegado'

Geovana Melo*
postado em 22/02/2021 09:40 / atualizado em 22/02/2021 09:46
 (crédito: Ygor Marques/ Divulgação)
(crédito: Ygor Marques/ Divulgação)

O passado musical, as novas percepções de sonoridade e a relação nostálgica com o pagode inspiraram Ludmilla a trabalhar em um grande projeto, o álbum visual Numanice (Ao vivo). A cantora retorna ao gênero que marca a vida dela desde a infância, após um EP homônimo com seis faixas, ela apresenta um disco com 14 faixas. Com produção de Rafael Castilhol, o trabalho chegou às plataformas digitais no início do ano. “Minha família ouvia muito samba e pagode e é claro que isso me influenciou, não fui para esse lado logo no início, mas foi uma grande referência sim”, conta Ludmilla em entrevista ao Correio.


A escolha simboliza uma imersão nos sentimentos e na intimidade da compositora, combinando com o tom do novo trabalho, perpassado de sentimento e paixão. Conhecida por fazer sucesso nas cenas do pop e do funk, em Numanice (Ao vivo), a carioca mostra mais uma vez a versatilidade sonora e traz um álbum de pagode tradicional.


De encontro com a escolha, o trabalho é cheio de participações de nomes conhecidos do gênero como Thiaguinho, Bruno Cardoso, Vou Pro Sereno, os brasilienses Di Propósito, além do rapper Orochi. Mais que parceiros no disco, os cantores são inspirações. “Cresci ouvindo Fundo de Quintal, Sorriso Maroto, Belo, Thiaguinho, entre outros igualmente maravilhosos”, relembra.


“O projeto tem um significado: quebrar mais uma barreira. Tanto individualmente quanto no coletivo. Quantas mulheres vocês já viram cantando pagode? Eu estou fora da caixa, entende? Canto pop e funk, mas também posso cantar pagode e o que mais eu gostar”, pontua.


O mainstream do pagode é predominantemente masculino, tanto em trabalhos solos, quanto em grupo. Ludmilla espera contribuir para que mais mulheres tenham vez no gênero e mudem o atual cenário. “O panorama é esse mesmo. Esse é um dos intuitos deste projeto. Se eu conseguir plantar essa sementinha e ela der frutos em um futuro próximo, como espero, vou amar”.


Na expectativa pela chegada da vacina, a nova pagodeira sonha em rodar os quatro cantos do país com uma turnê após o fim da pandemia. “Eu quero um show alegre e bem descontraído, tipo aqueles pagodes que a gente faz em casa, sabe? Copo para o alto, mão no coração e olho fechado, só cantando os melhores pagodinhos”, detalha.

Outros projetos

Ludmilla se prepara para estrear como atriz na série Arcanjo renegado, do streaming Globoplay, na qual ela interpretará uma policial militar na segunda temporada do seriado. Na trama, ela será Diana, uma cabo que tem uma relação próxima com Sara (Érika Januza). Para dar vida à personagem, ela teve que fazer treinamento tático e de posicionamento.

“Gostei muito da primeira temporada da série e, na época, comentei no meu Instagram que tinha amado Arcanjo renegado, e o José Júnior, criador da série, me convidou para participar. Ele me disse que ficou impressionado com a minha performance no Show dos famosos. Aceitei na hora. Sempre quis interpretar uma personagem como esta”, relembra o convite.


Gravada no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, a série aborda os problemas de segurança da cidade. Mikhael (Marcello Melo Jr) é o líder da principal equipe do Bope, o Batalhão de Operações Policiais Especiais da PM do Rio. Quando um dos amigos dele é ferido em uma operação, ele busca vingança e acaba em conflito com a alta cúpula política do estado.


Neste ano, a carioca também estreou como técnica do The voice +, edição que dá luz às vozes de cantores com mais de 60 anos. “Está sendo incrível. Comecei com muito medo da responsabilidade, mas pensei: ‘se me convidaram, é porque acham que sou capaz’. E, na verdade, não sei se é porque é a primeira vez que participo, mas não tem uma fórmula, estou sendo levada totalmente pelo meu coração, pelas vozes que me tocam, que me dizem algo”, declara.


O Globoplay anunciou na última semana que lançará um documentário sobre a carreira de Ludmilla, chamado Rainha da favela, mesmo título de um dos sucessos da funkeira. A produção acompanha a artista no dia a dia e mostra os processos de gravação do clipe que carrega o nome da série e do projeto audiovisual de pagode Numanice.

Carreira internacional

A estrela pop gravou no começo do ano passado uma parceria com a rapper estadunidense Cardi B, mas ainda está esperando o momento certo para o lançamento, que, provavelmente, será após a pandemia. Além disso, ela está prestes a lançar um single R&B com produção internacional de Rasool Diaz, produtor da música Drunk in love, de Beyoncé, ganhadora do Grammy de melhor música em R&B.


Na última quinta-feira, Ludmilla lançou o single Pra te machucar, uma parceria com o grupo norte-americano Major Lazer, os baianos Attoxxá e o jamaicano Suku Ward. No entanto, ela afirma que não tem planos de investir em uma carreira internacional. “Nada intencional nem planejado ainda, principalmente porque estamos há quase um ano em pandemia. Mas se tiver alguma oportunidade, com certeza vou achar o máximo”, afirma a artista, que já gravou duas músicas com o produtor Maejor (Meu baile e OMG), uma com Jeremih (Tipo crazy) e outra com Skrillex e Ty Dolla $ign (Malokera).


Ludmilla, que começou a cantar aos 8 anos de idade, é a primeira cantora negra da América Latina a alcançar mais de 1 bilhão de visualizações no Spotify e ainda tem a marca de mais de 1,9 bilhão de views no YouTube. Numanice (Ao vivo) tem números superlativos para o segmento: já são mais de 25 milhões de streamings nas plataformas digitais, dado que a consagra também rainha do pagode e não somente rainha da favela, como atesta o mais recente sucesso que segue há mais de dois meses na lista das canções mais ouvidas do país.

* Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

» Três perguntas // Ludmilla

O que você costuma escutar?
Sou bem eclética, ouço MPB, funk, pop das icônicas Beyoncé, Rihanna, Cardi B, um pouco de rap também.

Qual foi o grande momento da sua carreira?
Um só?(risos) Desde que comecei tenho alguns momentos que considero marcantes como o primeiro single que estourou, que foi Fala mal de mim, me apresentou para o país, a gravação do DVD Hello, mundo, o Numanice, que foi um projeto que começou na brincadeira e tomou uma proporção grande. E esses são só alguns.

Você está acompanhando o Big brother Brasil 2021 e até já se declarou contrária à Karol Conká. O que está achando desta edição, está torcendo para alguém?
Acho que mais uma vez o programa vem para ensinar algo para o público que assiste. Ainda não tenho um favorito, está no início e tem muita água pra rolar, vou esperar mais um pouco para ter.

Numanice (Ao Vivo)

 (crédito: Warner Music Brasil / Divulgação)
crédito: Warner Music Brasil / Divulgação

Álbum da cantora Ludmilla. Pela Warner Music Brasil, 14 faixas. Disponível em todas as plataformas digitais.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação