Apesar de 54% da população brasileira se autodeclarar negra, esses números ainda não são expressivos na televisão, local majoritariamente branco. No entanto, o cenário parece passar por uma pequena alteração. Nesta segunda-feira (25/1), estreia a 21ª edição do reality show Big brother Brasil e, junto a ela, um novo marco: é o programa com maior número de participantes não brancos nesses 21 anos — nove de 20 brothers. A atração chega após um ano marcado por racismo e protestos antiracistas.
Lumena, João Luiz e Gilberto integram os selecionados da Pipoca, já Karol Conká, Camilla de Lucas, Pocah, Nego Di, Lucas Penteado e Projota estão no Camarote. Além de representatividade, a presença dos brothers será essencial para validar um outro fator. Não é porque os novos BBBs são pretos, que necessariamente eles pensam igual. Afinal, pessoas diferentes têm comportamentos e posicionamentos diferentes.
A presença dessas pessoas no maior reality show do país também é política, já que nas edições passadas, o programa foi marcado por atitudes racistas, preconceituosas e injuriosas, como quando Paula Von Sperling, vencedora da 19ª edição do Big brother Brasil, fez comentários de ódio durante o programa e até foi alvo de uma ação penal pública feita na Delegacia de Combate à Intolerância Religiosa. Ela afirmou que tinha medo de Rodrigo França devido a práticas religiosas, ligadas à cultura negra. Em um dos episódios, a sister definiu o cabelo cacheado e crespo como “cabelo ruim”.
No ano passado, Babu e Thelma também passaram por situações constrangedoras durante o programa. Ivy, Marcela e Gisele foram acusadas diversas vezes pelos internautas de racismo com os participantes.
Reality shows em 2020
Em um ano tão difícil como 2020, os negros protagonizaram as vitórias dos maiores reality shows nacionais. No entanto, ainda não é possível afirmar se houve um progresso ou se foi uma coincidência. Mas não se pode negar, que a presença dessas pessoas é importante. O Big brother Brasil, A fazenda, The voice Brasil e The voice Brasil kids tiveram campeões negros: Thelma Assis, Jojo Todynho, Victor Alves e Kauê Penna.
Como uma forma de incentivar a diversidade, a emissora estadunidense CBS definiu que pelo menos 50% dos participantes dos reality shows serão negros e indígenas. Os programas Survivor, Love island e Big brother devem seguir a meta estabelecida para temporadas de 2021 e 2022. No Brasil, ainda não há nenhuma iniciativa do tipo, mas espera-se que a representatividade seja o pilar da edição do Big brother Brasil deste ano.