Oriundo do município de Pedreiras, no Maranhão, e radicado em Brasília, o jornalista, poeta e cronista Vicente Sá, autor de outros 10 livros, acaba de lançar Aldenus Baxter — uma história que poderia ter acontecido, primeiro romance dele. O subtítulo faz jus ao estilo literário praticado por Sá, tanto em prosa quanto em verso, e que aparece com força no novo romance: uma trama fantástica e delirante ancorada em colagens da realidade.
Contada de forma não cronológica pelo narrador — um médico que, na cidade de Pedreiras, se torna amigo de uma figura misteriosa e encantadora, que é o personagem-título — a história se passa do final dos anos 1950 até perto dos anos 2000, mas a maior parte da narrativa ocorre nos anos de chumbo da ditadura militar no Brasil. A ditadura aparece como um momento feio da história, mas sem panfletagem. “Eu considero os artistas como grandes contadores de histórias. Em vez de dizer ‘faça isso’, ‘faça aquilo’, você conta uma historinha. É mais divertido do que cagar regra”, destaca ele.
Contar histórias, aliás, é a arte predominante de Sá, seja escrevendo poemas, crônicas ou letras de músicas para grupos como o Liga-tripa. “Meus poemas também têm muita historinha. Eu continuo contando histórias, mas agora é uma história de 100 páginas”, diz.
Radicado em Brasília desde 1968, Vicente Sá sempre teve a capital do país como musa. Boa parte do novo livro se passa em Brasília, com locais e fatos históricos marcantes da cidade. “Faz parte, até, de um processo meu de tradução e resgate da história de Brasília. Eu convivi com ela, vivi essa coisa toda e com os artistas da época. A gente foi tomando conta da cidade, invadindo os teatros, vendia livrinho, mimeógrafos, invadia lugares para ler poemas, então a gente influenciou na formação da cidade e, ela, na nossa. É uma forma de relembrar minha vida e fazer de uma forma bonita, gostosa de ser lida.”
Sobre Aldenus Baxter, pouco se sabe, exceto uma série de boatos que espalham sobre ele. Nem mesmo seu melhor amigo, o narrador da história, sabe muita coisa, exceto que algumas aparições sobrenaturais desafiaram o ceticismo dele. Mas, voltando para vida real, Vicente revelou ao Correio que o personagem é vagamente inspirado no irmão do autor, Aldenor, que ele e o sobrinho, Francisco, apelidaram de Aldenus Baxter. Bonito, boêmio e desenvolto, foi Aldenor quem apresentou a Vicente, em um bar de Pedreiras, o grande amigo João do Vale, compositor do clássico Carcará. A passagem, real, está imortalizada no livro.
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira
Aldenus Baxter — uma história que poderia ter acontecido
De Vicente Sá, com ilustrações e projeto gráfico de Paulo Andrade, prefácio de Vladmir de Carvalho e apresentação de Mano Miranda Leão. Editora Semim. 103 páginas. R$ 55, com frete incluso, à venda pelo site da editora ou direto com o autor, pelo Facebook. Lançamento virtual em 17 de janeiro, às 12h30, no programa Almoço Poético Virtual do Espaço Leão da Serra, no Facebook (https://www.facebook.com/espacoleaodaserra).
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