A artista plástica Juliana Notari compartilhou no Instagram as fotos da escultura Diva pronta. A obra representa uma vagina de 33 metros, esculpida no chão da Usina de Arte, localizada na Zona da Mata Sul de Pernambuco. A arte repercutiu nas redes sociais com comentários positivos e negativos.
Juliana Notari trabalha com a figura da vulva ferida há 20 anos em performances e instalações. "Ela tem uma conotação de um feminino traumático, que marca a questão do trauma", diz, em entrevista ao Correio. A peça mede 33m de altura, por 16m de largura e 6m de profundidade e foi construída por mais de 20 homens durante 11 meses com concreto e resina.
Diva surgiu a partir de um convite feito pela Usina de Arte, parque artístico botânico que ocupou um local abandonado de uma antiga usina de açúcar, em convênio com o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), de Recife.
Polêmicas
Ao divulgar o trabalho nas redes sociais, Juliana Notari recebeu críticas. Os internautas questionaram sobre o desmatamento causado com a criação da obra. A artista, neste ponto, relembra que o espaço da Usina de Arte era, antigamente, destinado para cultivo de açúcar. “Aquela mata era um de um solo que já foi queimado pela cana de açúcar. Não é um bioma extremamente rico”, explica.
As pessoas levantaram a questão da falta de mão de obra feminina e também da presença de trabalhadores negros na construção da arte de uma artista branca, em foto divulgada. “É um processo que vai além de mim. É uma conta grande, a qual eu não consigo segurar, de um passado escravocrata e colonial, que não fez reparação nenhuma”, analisa Juliana.
Além disso, um outro ponto comentado foi a associação feita pela artista no Instagram da vulva Diva com o feminino. As críticas lembravam que nem toda mulher tem vagina, com referência às mulheres trans. “Eu, ao falar da vulva, não anulo elas. Uma coisa não anula a outra. Além disso, não é uma disputa”, comenta a artista, que promete considerar as críticas construtivas em próximos trabalhos.
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