LITERATURA

A graça poética de um leve amor

Este livro vem sendo escrito desde 1986, quando o poeta brasiliense Nicolas Behr se casou com Alcina Ramalho, que dá nome ao mais recente trabalho do escritor. Mas os poemas, propriamente ditos, só começaram a ser redigidos em 2015, na época em que estavam prestes a completar 30 anos de casamento e parceria.

Alcina é um livro de poemas de amor, mas Nicolas o faz do seu jeito: com pequenos poemas leves e descontraídos, cheios de sacadas e calcados no cotidiano. “O amor é o tema mais comum da poesia, então eu enveredei por um lado jocoso, irônico. Acho que foi uma vertente que encontrei para falar de amor de forma crítica, sem o blablablá”, conceitua. “Ele é a exemplificação do meu lema: ‘Ou o poema é simples, ou ele é impossível. É um livro muito despretensioso. Falar de amor é difícil, então, tem coisas de humor. É muito nessa linha do ‘amor/humor’, explica o poeta, citando o poema de Oswald de Andrade que tem a palavra “amor” como título e a palavra “humor” como único verso. “É fruto de muita carpintaria. Parece pouco exigente, qualquer coisa, mas, para chegar nesse espontâneo, houve muito trabalho.”

Mas, não se pode atribuir todo o trabalho apenas à carpintaria do poeta. Alcina, sócia do esposo na ecoloja Viveiro Pau-Brasília, além de musa, é também responsável pelo verniz do livro. “Bem no começo, eu mostrei os poemas e ela disse: ‘Vê se melhora o nível’. Estava muito meloso, ou piegas. Eu fui fazendo, e vi que tinha literatura, e resolvi publicar”, explica. “Ela é meio antimusa, porque ela é muito crítica. Ela não alisa. Não cai nessa história. Ela leu e tirou alguns poemas, porque disse que não eram meu estilo, era como se outro poeta estivesse falando.”

Esse lado autêntico foi justamente uma das coisas que apaixonou Nicolas Behr quando conheceu a futura esposa na casa do poeta Luís Martins, onde foi mostrar alguns poemas para o amigo, no final dos anos 1970. Luís era casado com a irmã de Alcina, que lá estava. A afinidade foi crescendo por conta dos interesses em comum, como ativismo ecológico e discos voadores. Hoje, eles têm três filhos, dois deles, gêmeos. “O livro é um pouco um roteiro das nossas histórias, da nossa intimidade. O fio condutor do livro é a nossa história”, considera o trovador.

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira

 

Alcina
De Nicolas Behr. Independente. R$ 30. Para adquirir um exemplar, entre em contato com o autor pelas redes sociais ou pelo e-mail paubrasilia@paubrasilia.com.br. O livro também está disponível para venda no Viveiro Pau-Brasília (Polo Verde, Saída Norte, entre a Ponte do Bragueto e o Balão do Torto).