Música

Confira quatro lançamentos recentes de músicos brasilienses

Entre eles, estão EPs e álbuns de rap, MPB, indie e post punk, que flertam com outros estilos brasileiros, latinos e internacionais

Uma tendência cada vez mais acentuada na moderna produção musical é a diluição das fronteiras clássicas entre os estilos. No Distrito Federal, um território marcado pela confluência de várias culturas, esse modelo aparece com força. Quatro lançamentos recentes de brasilienses podem provar isso.

A banda indie Alpasso chega com um EP independente cheio de referências, e o rapper e dançarino Israel Paixão com outro, de oito faixas, que poderia facilmente ser considerado um álbum. De álbuns, propriamente, temos o novo de Augusto Nassar, com um post punk regional, e o de Marcelo Lima, que prefere o termo MPM (música popular mundial) ao termo MPB (música popular brasileira). Todos os lançamentos citados têm uma característica em comum: embora sejam predominantemente ligados a determinado estilo, enriquecem o mesmo com um caldeirão de misturas de ritmos brasileiros, latinos e mundiais. Confira!

Israel Paixão – M.A.M.G

“Muito amor e música pra geral” é o bordão que o rapper e dançarino Israel Paixão costuma repetir nas apresentações. Sintetizada na sigla M.A.M.G, a frase é repetida várias vezes no EP de oito faixas a que dá nome, lançado por ele este mês, e expressa a mensagem que Israel gostaria de passar com o novo trabalho.

Com produções de Todd Henrique, Rafa Black, Silas Silva, Laife Beat e Elias Augusto, o projeto teve direção artística do produtor Mr.PinGO e participações especiais das cantoras Aline Silva e Talíz e do cantor Bwyane e Júlio E´Dom. A distribuição é da Sotero Música e Ingrooves Brazil, que fazem parte do grupo Universal Music.

Alicerçadas no hip-hop, as músicas trazem também ritmos como samba, música latina ejazz, e versam sobre situações do cotidiano, relações amorosas, família e o lado positivo da vida. Trata-se de um disco bem para cima e dançante, sem deixar de tocar em questões sociais. O EP, que tem a numeração de volume 1, ganhará um volume 2 em 2021.

Alpasso – Odisseia

Odisseia é um EP conceitual da banda indie Alpasso. Como o nome pode sugerir, as quatro músicas do trabalho narram a jornada de um personagem, neste caso, o cão Dartagnan, na busca pela luz do autoconhecimento em tempos loucos. É possível identificar nas músicas nuances de R&B, jazz, jazz rock, música progressiva e psicodélica, gêneros, aliás, afeitos a esse tipo de narrativa.

O single Buraco negro chegou em novembro, com um lyric vídeo, e as faixas Complexo novo, Calma e Sol completam o trabalho. Complexo novo também ganhou lyric video. As músicas foram todas produzidas de forma independente, em casa, durante a pandemia, e o grupo garante que já tem mais material para lançar, como o EP Tempo, parceria com o projeto Desaforo Norte que chegará com mais quatro faixas e dois clipes.

Marcelo lima e os procurados

Multi-instrumentista ativo na cena da capital brasileira há 20 anos, Marcelo Lima lançou, neste dezembro, o sétimo álbum da carreira. Como tipicamente faz no trabalho, o novo disco chega com faixas de estilos sortidos, que vão do ska punk de Skapada à armorial Voa Zeppelin! “Quando perguntam que tipo de som eu faço, digo que é MBM (Música Brasileira do Mundo). É uma brincadeira, porque é difícil falar em estilo. Se toco samba, sou sambista, mas quando misturamos é complicado definir”, afirma Lima, em material divulgado à imprensa.

O álbum traz sete faixas cantadas e seis instrumentais. Dois clipe foram lançados: o da música Skapada, em que a banda se apresenta na Entrequadra 708/709 Norte, com visual em preto e branco e remete a filmes antigos de espionagem; e Antes do incêndio do mundo, gravado em plano sequência na casa de Marcelo, com a banda e a bailarina Rayane Psiu. Uma live de lançamento, apresentando as músicas, foi gravada no Estúdio Orbis. O álbum contou também com uma longa lista de participações especiais.

Gustavo Nassar – Cristais de cemitério

O músico Gustavo Nassar propõe no novo álbum uma mistura bastante peculiar de post punk, baião, dark wave, MPB e industrial. O álbum vem sendo produzido desde 2019 em sessões intensas de gravação e produção, e o resultado pode ser conferido no YouTube ou baixado pelo 4Shared, em uma mistura que poderíamos chamar de post punk regional.

Entre as influências, o músico cita Jorge Cabeleira e o Dia Em Que Seremos Todos Inúteis, Zé Ramalho, Último Número, Lupercais, Rogerio Skylab, Luiz Gonzaga, Marines e Sua Gente, Fellini, Os Paralamas do Sucesso, a psicodelia nordestina e o manguebeat. A influência destes nomes da MPB e do post punk são sentidas em todas as faixas, mas o resultado é bastante original e incomum.

Produzido e distribuído de forma independente, o projeto teve uma série de singles lançados ao longo do ano e duas músicas ganharam clipes performáticos: Noiva cruz-credo, com cena de Amanda Vadillo, e Mundo ideal, com Flávia Guisi e Jorge Pessoa. O violeiro Uassyr de Siqueira participou das faixas Incêndio dos tempos e Consumação. O disco conta ainda com poemas de Flávio Siqueira e Hugo Araújo.