Um levantamento realizado pelos pesquisadores Pedro Afonso, Rodrigo Amaral e André Lira, com apoio da Unesco no Brasil, Sesc, USP, Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura e treze Secretarias Estaduais de Cultura, revelou os dados relativos aos prejuízos do setor cultural e criativo do Brasil durante a pandemia.
O setor foi um dos mais atingidos pela crise. Entre março e julho, 48,88% dos entrevistados perderam a totalidade das próprias receitas, 41,8% só entre março e abril. O Distrito Federal foi a unidade da federação que registrou o maior índice de perdas totais de receita, com 59,2%. O estado com menor índice foi o Mato Grosso do Sul, com 16%. As áreas mais afetadas, neste quesito, foram as de artes cênicas, feiras e festivais, moda, cultura, hip-hop e música.
Outro número elevado foi o de demissões. Cerca de 44% das organizações demitiu a totalidade dos colaboradores, e as contratações de serviços de terceiros registraram redução de 43,16% no período de março a abril, percentual elevado para 49,16% entre maio e julho. Neste quesito, os setores de festivais e feiras foram os mais impactados. Entre os serviços que foram contratados mesmo diante da crise, destacam-se a publicidade na internet (19%), as ferramentas on-line para trabalho remoto (12,6%) e o serviço de internet de banda larga (6,94%).
Em relação a algum tipo de assistência, entre março e abril, 21,23% das organizações não receberam nenhuma forma de apoio. Cerca de 26,58% receberam auxílio-emergencial, que foi usado, prioritariamente, para manutenção da sede, dependências e escritórios.
Perfil dos entrevistados
Realizada entre junho e setembro deste ano, a pesquisa obteve 2.667 respostas de indivíduos, pessoas jurídicas e empreendedores, em 472 municípios. O Nordeste foi a região com maior participação, com 31,08% das respostas, seguida do Sudeste, com 27,59%. O estado e a capital com maior participação foram a Bahia e Manaus (AM), respectivamente.
O setor mais representado na pesquisa é o de artes cênicas, seguido de música, artes visuais e artesanato. A maioria dos respondentes foi do sexo feminino, com 53,2%. Do total de pessoas que responderam ao questionário, cerca de 35% estão na faixa etária entre 30 e 39 anos.