A relevância do forró e da literatura de cordel enquanto expressões artísticas levaram-nos à nomeação como bens do patrimônio imaterial cultural brasileiro. Para celebrar esse registro, nasceu o espetáculo Nordeste — A Poesia do Sertão Musical. O projeto homenageia três personalidades fundamentais para a difusão e consolidação dos dois estilos; nomes representativos desse universo: o cantor, compositor e acordeonista pernambucano Luiz Gonzaga; o paraibano Leandro Gomes de Barros, considerado o “pai” da literatura de cordel; e o piauiense Domingos da Fonseca, tido como o maior poeta lírico do tempo dele e fundador da primeira associação de repentistas.
Idealizado pelo cantor, compositor e forrozeiro mineiro Nilson Freire, o espetáculo, com a chancela do Fundo de Apoio a Cultura do Distrito Federal (FAC-DF), conta com a participação de Chico de Assis e João Santana — repentistas nordestinos radicados em Ceilândia —, acompanhados por instrumentistas. A direção musical é do maestro Fabiano Medeiros, enquanto o mestre bonequeiro Chico Simões é responsável pela parte cênica.
“Dirigir Nordeste — A Poesia do Sertão Musical é uma experiência a mais no exercício do ser candango, ambientando diferentes expressões em espaço aberto e interativo, com a possibilidade de participação do público. Procuramos manter vivo o espírito da brincadeira em feiras livres, que reúne música, poetas repentistas e literatura de cordel, criando a interação mágica, que se diferencia da apresentação formal”, explica Chico Simões. “Agora, a pandemia nos colocou o desafio de manter vivo o espírito dessa festa, via internet”, acrescenta.
Fortalecer a imagem da poética literária e musical da cultura nordestina é o que propõe a apresentação, que estreia hoje (15), às 20h, no Instituto Invenção Brasileira, em Taguatinga Sul (leia Programe-se). Amanhã, a apresentação será na Vila Telebrasília e, no sábado, na Casa do Cantador. O fio condutor do espetáculo é a trilha musical, em uma releitura de melodias e toadas do repente. Harmonização e timbragens contemporâneas adornam o repertório com recursos sonoros de pedais e sintetizadores agregados a instrumentos convencionais como a sanfona.
O projeto prevê, ainda, a publicação de livreto de cordel sobre Luiz Gonzaga e o forró, de autoria do mestre do gênero Donzílio Luiz e com xilogravura de Valdério Costa. Historicamente, a poesia métrica chegou ao Brasil a partir de Portugal e, aqui, ganhou morada na região Nordeste, que a tem como uma das principais vertentes e atinge mais de 40 modalidades.
Programe-se
Nordeste — A Poesia do Sertão Musical
Espetáculo com a participação de Nilson Freire, Chico de Assis e João Santana
Hoje (15): Instituto Invenção Brasileira — Mercado Sul, QSB 12, Taguatinga Sul, às 20h.
Amanhã (16): Espaço Cultural Pé Direito — Rua 1, Casa 23, Vila Telebrasília, às 20h.
Sábado (19): Casa do Cantador — Área Especial G, QNN, Quadra 32, Ceilândia Sul, às 20h.