O capixaba Silva transitou, ao longo da carreira, por facetas diferentes dentro da música. Mesmo que sempre tenha sido definido como um artista da nova MPB, ele flertou com as batidas eletrônicas, foi indie, depois se aproximou do pop, bancou o “axezeiro”, tocou só voz e violão e revisitou o repertório de ídolos, como Marisa Monte. Toda essa trajetória está enraizada e amadurecida em Cinco, álbum recém-lançado pelo cantor e compositor nas plataformas digitais e o segundo de 2020 — quando também divulgou Ao vivo em Lisboa.
No disco composto por 14 faixas, Silva traz todos os ritmos os quais trabalhou em outros álbuns, unidos a estilos musicais que costuma ouvir. Assim vieram o ska, o rocksteady, o reggae, o jazz e o R&B, todos combinados numa brasilidade, característica que se tornou num marco nos mais recentes discos do cantor. Isso fez com que as canções fossem, ao mesmo tempo, modernas, com aspecto antigo, o que também pode ser atribuído à produção e mixagem, feita toda por Silva de forma 100% analógica.
“Acredito que é uma vontade, como músico, que eu gosto quando passado e presente se juntam. É uma coisa que não é fácil. Eu não seria pretensioso o bastante de falar que eu consegui. Mas eu gosto. A minha ambição como músico é tentar achar essa atemporalidade no trabalho. Acho que esse disco revisita o passado musical de uma forma moderna. Tem gêneros que a gente não ouve mais, como o rocksteady, que é um pré-reggae”, afirma em entrevista ao Correio.
Parcerias
Feito durante a pandemia, mas com algumas faixas escritas antes do período de isolamento social, Cinco poderia ser um disco mais solitário. No entanto, Silva quis buscar parcerias, feitas todas a distância. A primeira do CD é com Anitta, artista que ajudou na projeção do compositor para o grande público, quando lançaram juntos Fica tudo bem, em Brasileiro (2018). Agora, eles dividem os vocais em Facinho. “Mandei mensagem para Anitta falando: ‘Vamos fazer um hit’. Enviei a música, ela adorou e me mandou o vocal prontinho. Fiquei bem feliz com essa junção”, conta.
Os outros convidados são o músico João Donato, na quase bossa nova Quem disse, e o rapper Criolo, na canção Soprou, que tem a atmosfera afro da Bahia. “Sou um apaixonado por Donato. Ele tem um conhecimento musical muito avançado e rico. Quando ele toca, você sabe que é Donato. A harmonia dele é muito bonita. Para mim, foi uma honra gigante. Essa gravação já existia, estava só esperando o momento certo”, explica. Os dois gravaram a música no fim de 2018. “Eu não queria lançar de qualquer jeito. Quando fui montando o disco, percebi que cairia bem. Ele fez os arranjos de sopro, o piano e até dá uma cantadinha”, completa.
Já a parceria com Criolo veio depois que os cantores se aproximaram durante uma festa em Salvador. Silva mandou um trecho da música seguido do instrumental, porque a faixa não estava finalizada. O rapper acabou completando com o que se tornaria na parte dele. “Fiquei bem feliz de poder ter juntado três universos diferentes”, acrescenta.
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