Música

Michel Teló explora nuances do interior em novo disco, 'Pra ouvir no fone'

A escolha traz sensação de paz e simboliza imersão nos sentimentos do sertanejo, combinando com o tom do novo EP 'Pra ouvir no fone', perpassado de bucolismo

» Geovana Melo*
postado em 23/12/2020 07:49 / atualizado em 23/12/2020 07:50
 (crédito: Allan Shigueaki Mogui/ Divulgação)
(crédito: Allan Shigueaki Mogui/ Divulgação)

Voz, violão e montanhas. Esses foram os elementos escolhidos para ilustrar a capa do novo trabalho audiovisual do cantor Michel Teló, Pra ouvir no fone. A escolha traz sensação de paz e simboliza imersão nos sentimentos do sertanejo, combinando com o tom do novo EP, perpassado de bucolismo. É Allan Shigueaki Mogui que assina a fotografia que dá cara ao disco, que tem produção de Marcinho Hipólito e Teófilo Teló — e Michel Teló supervisionando tudo.

Com Pra ouvir no fone, que chegou às plataformas digitais no início deste mês, o artista escolheu um assunto de que fala com propriedade para se inspirar: as coisas boas da vida. Teló transmite, pela música, as vivências divididas entre os shows e viagens, os momentos em família e os dias no interior. “Começamos a compor esse trabalho há quatro, cinco anos. A gente sempre planeja o tempo que virá depois, só que a gente está com o pé aqui e agora, então, temos que ser gratos pelos momentos que estamos vivendo, tem muito disso nas canções. Um pouco daquela coisa do interior, das sensações do interior. É muito diferente do Michel de Ai se eu te pego, Humilde residência e Fugidinha”, conta Michel Teló em entrevista ao Correio.

Já no começo do trabalho, fica marcada a relação intimista e familiar de Teló neste álbum. As sete canções foram compostas por Teófilo Teló, irmão de Michel. Três são creditadas somente a Teófilo — Dia nada a ver, Motivos e Verão de um amor caipira. As outras quatro são parcerias do compositor com Guilherme Bumlai (Café coado), Thiago Mart (Pra ouvir no fone) e com o próprio Michel Teló, parceiro em O tempo não espera ninguém e em Sonhos e planos.

“Apesar de o Teófilo ser meu empresário, era muito difícil a gente se reunir para trabalhar porque ele ficava no escritório e eu, nos palcos. Até que um dia, voando para os shows, eu tinha acabado de saber que ia ser pai e me deu vontade de fazer um trabalho assim. Quando voltei, a gente sentou na casa da árvore e começou a compor Sonhos e planos”, relembra o compositor.

O sertanejo explora as letras em prol da sonoridade — “empresta melodia para a mensagem”, como ele define. Em meio aos arranjos do violão e da sanfona, ele enfatiza as emoções dele e as do ouvinte. “Gostei muito de cantar esse álbum, tive a alegria de descobrir um lado meu cantando, que nem eu conhecia, uma coisa de cantar um álbum diferente, com uma outra sonoridade da minha voz, é uma coisa mais suave”.

“Fiz esse trabalho sem o objetivo de virar uma loucura, mas com a pretensão de fazer um acalanto para o coração das pessoas, assim como está fazendo para mim. É lógico que se a música ficar em primeiro lugar nas paradas será uma bênção, mas não tenho essa pretensão. É bem tranquilo como é o álbum”, completa.

As faixas também emocionaram Melinda, de 4 anos, e Teodoro, 3, filhos do cantor. Desde bebês, as crianças conhecem as letras que integram o projeto audiovisual e participam como inspirações do trabalho. “Colocamos para eles assistirem e eles se emocionaram. A Melinda é muito emotiva e ela começou a marejar, já o Teodoro quando terminou a música começou a chorar e me abraçou. É um projeto que fiz muito pensando neles e acho que eles sentiram tudo isso”, declara o marido de Thais Fersoza.

Hit eternizado


Enquanto o técnico do The voice não tem pretensão de estourar com Pra ouvir no fone, o hit Ai se eu te pego segue eternizado na voz dele desde 2011, quando também ganhou versões em outras línguas. “Ai se eu te pego foi uma das músicas mais tocadas do mundo e ver todo mundo cantando em português foi surreal demais. Sem dúvida, foi a coisa mais surreal que aconteceu na minha carreira, foi grandioso demais. Foi uma benção poder viver tudo aquilo”, lembra o dono de Ei psiu, beijo me liga e Fugidinha.


Antes de emplacar sucessos em carreira solo, Teló ao lado do Grupo Tradição lançou Barquinho e navegou nas ondas do single que ficou conhecido nos quatro cantos do país embalado pelo trecho: “Lá vai o meu amor/ lá vai meu amorzinho/ remando, remando/ remando no barquinho”.

Quarentena

No momento de isolamento social, Michel Teló se descobriu nas lives. Um formato que nem de longe se compara aos palcos, mas serve para matar um pouco da saudade enquanto não é hora de retomar os shows. “Nas lives, você não tem aquela troca, olho no olho, a galera cantando com você, mas você está cantando e exercendo a sua profissão. Já deu uma aliviada gostosa”, pontua o paranaense.

O cantor frisa que a escolha por ficar em casa é uma medida para se resguardar e cuidar de quem ama. “Resolvemos ficar em casa porque a gente tem duas crianças pequenas, a gente tem os nossos pais, a gente tem a nós para cuidar. Se não tenho show para fazer, se não tenho necessidade de sair, a gente decide ficar em casa e é isso que estamos fazendo. A gente só saiu de São Paulo para o Rio de Janeiro para gravar o The voice e estamos em uma casa aqui. Só eu saio para ir ao programa e volto, com todos os protocolos. Estamos levando muito a sério”, detalha.

Duas perguntas // Michel Teló


- O EP é intitulado de Pra ouvir no fone. O que você escuta no fone?

No momento, tenho ouvido muito Pra ouvir no fone e curtindo mesmo. É um álbum que faz bem pra mim. Também costumo ouvir John Mayer e por causa das crianças, a gente ouve muito Beatles, eles adoram e sabem muitas músicas. Também tem as músicas de festa, sertanejo, pop, entre outros. A playlist aqui é muito variada e é maravilhoso, até para as crianças saberem curtir de tudo.


- Você tem 28 anos de carreira, tem alguma coisa que você almeja conquistar e ainda não conseguiu?

De tudo que sonhei para mim, já alcancei muito mais. Para um cara que tocava baile no interior do país, ter uma música tocada em todo o mundo e ter o carinho de muita gente é incrível. De repente ter um programa no Fantástico e daí ganhar cinco anos consecutivos no The voice, além de fazer um musical (Bem sertanejo) que tenho um orgulho danado. Ainda fazer projetos que amo fazer é muito especial. Hoje, não tem algo que eu gostaria, não falta nada. Deus me presenteou com muito mais do que sonhei, mas sigo aqui firme trabalhando e buscando novos sonhos.


Pra ouvir no fone

De Michel Teló. Pela Som Livre, 7 faixas. Disponível em todas as plataformas digitais.

*Estagiária sob a supervisão de Vinicius Nader

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