Sintonia foi a palavra de ordem numa relação de amor entre o casal Nicette Bruno e Paulo Goulart. Por 62 anos, até a morte do ator, em 2014, em decorrência de câncer, Nicette e Paulo viveram um amor que se viu imortalizado pela doutrina filosófica que a família de artistas abraçou. Os três filhos do casal, igualmente, enveredaram para as artes: Paulo Goulart Filho, Bárbara Bruno e Beth Goulart.
Nos registros da memória da Rede Globo, Nicette destacou, certa vez: “Eu e Paulo tínhamos uma afinidade cênica muito grande. Tanto que nos conhecemos em cena, né? Trabalhar junto era muito bom, porque tínhamos a mesma seriedade, sabíamos separar a nossa relação. Quando estávamos em cena, éramos personagens, não a nossa individualidade”.
Fundado por Nicette nos anos de 1950, o Teatro de Alumínio (São Paulo) serviu como cenário para o amor de Nicette e do futuro marido. Nos camarins do espetáculo Senhorita minha mãe, floresceu a paixão. Em 1954, veio o casamento. Nascidos sob o signo de capricórnio, Nicette e Paulo seguiam a percepção de vida reinante em Nicette, capaz de reforçar: “A vida não começa no berço e termina no túmulo”.
Curiosamente, no leito de morte, Paulo Goulart fez o pedido para que Nicette não perdesse a natural alegria. Uma das formas de retomar a vida, passado o impacto da partida do marido, veio quando a atriz embarcou no protagonismo de uma adaptação teatral montada pela filha, a atriz e diretora Beth Goulart; tudo tendo por base um texto de Lia Luft: Perdas e ganhos.
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Nicette Bruno brilhou no cinema, sob direção de cineastas talentosos Na continuidade da carreira, Nicette tropeçou numa grata surpresa arquitetada pela amiga Christiane Torloni: nos estúdios da Globo, a atriz plantou uma árvore em homenagem a Paulo Goulart. “Vai ser florida”, à época, declarou Nicette Bruno, associando a planta à constante e corrente de vida do marido.
Junto com participações em programas como Grande Teatro Tupi (anos de 1950), o casal deslanchou a carreira e o amor, assinalado em obras nas quais dividiram a cena, casos de Papai coração (que ainda teve participação das filhas Beth Goulart e Bárbara Bruno, em 1976), Éramos seis (veiculada na TV Tupi, também com breve presença da filha Beth) e das atrações televisivas Signo da esperança (1972) e Os fantoches (1967). Com Bárbara Bruno, Nicette ainda compartilhou cenas de Divinas & Maravilhosas (1973) e Camomila e Bem-me-quer (1972).
Na TV Globo, Nicette garantiu novos momentos profissionais com o marido em Mulheres de areia (1993) e Incidente em Antares (1994), série do qual ainda tomou parte Paulo Goulart Filho. Presente na mesma adaptação de obra de Érico Verissimo, Paulo Betti, comentou ao Correio da morte da colega: “Foi a matriarca de uma família de talentosos artistas. Deixa um legado de profissionalismo e dedicação à arte dramática!”.
Pioneira na tevê brasileira, Nicette deixou um legado de amor, com direito a 8 netos e 5 bisnetos. Aos 59 anos, a filha Beth Goulart, que dividiu cenas com a mãe nas novelas Sétimo sentido (1982), Selva de Pedra (1986), Perigosas peruas (1992) e Louco amor (1983), além de episódio do Você decide (2000), foi das mais expressivas, na despedida da mãe.
Associando Nicette à figura de vida e do grande amor da vida, Beth exprimiu, no Instagram, as percepções da morte da matriarca. “Deus pai todo poderoso receba (…) a alma de minha mãe (…) um ser de luz, uma mulher extraordinária que deixou um legado de amor, talento, alegria, generosidade, sabedoria, humildade, e dedicação ao próximo”, registrou. À mãe, acrescentou: “você nos ensinou a verdadeira fraternidade. Hoje perdemos nossa mãe mas sabemos que todos os brasileiros também perderam um pouco desta mãe e avó de todos que a senhora representava (…) Vá em paz minha mãe, cumpriu sua missão lindamente entre nos, obrigada por tudo, te amo na dimensão da eternidade”. Beth não esqueceu, na comoção, do pai Paulo Goulart. “Mande nosso beijo ao Papai”, rogou. Veja o vídeo aqui.
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