“Eu sou esse passarinho que canta e quer voar”, esta é explicação de como Taís Cardoso vê a própria carreira solo, anunciada na última quarta-feira (4/11). A cantora comunicou na terça passada (3) a saída, após quatro anos, da banda brasiliense Aguaceiro e logo depois revelou os primeiros passos de um projeto próprio, simples e solo. Um EP da nova fase está previsto para janeiro de 2021.
A nova etapa da trajetória é um sonho antigo de Taís. Ela tinha a vontade de apresentar algo que refletisse mais a própria personalidade e descobriu que os tempos em casa na quarentena seriam uma boa opção para o início. “Eu entendi que eu precisava mesmo usar esse tempo para desenvolver o sonho dessa música que é mais minha, que vai ter mais a minha cara”, conta a cantora.
A carreira solo da artista vai para um lado que Taís tem se interessado recentemente. Com referências das grandes cantoras da MPB e da Bossa Nova dos anos 1960 e 1970, a musicista investe na poesia, na simplicidade e no aconchego para criar a linha pela qual pretende seguir na arte. “Essa via da carreira solo vai ser muito no sentido de colocar a minha personalidade, junto da poesia na minha música”, explica.
“O que está sendo preparado é um EP, em que eu quero explorar a simplicidade e a brasilidade”, pontua a ex-vocalista da Aguaceiro. O projeto está em produção e, se tudo correr como planejado, estará disponível nas plataformas de streaming em janeiro de 2021. “Esse primeiro trabalho vai ser como um pontapé”, diz a cantora. “O conceito principal é essa ideia de começo e simplicidade e que resgate essa parte da poesia da Bossa Nova”, acrescenta.
A brasilidade é um dos pontos mais interessantes de Taís. Nascida no Rio de Janeiro, ela passou um tempo morando em São Paulo, antes de viver os últimos seis anos em Brasília, além disso, visita a família, que atualmente reside em João Pessoa. “A brasilidade, então, acaba refletindo na minha música de uma maneira subjetiva, porque é algo bem pessoal. Não vai ser óbvio, mas vai estar ali numa modulação do ritmo, numa forma de expressar uma palavra ou outra, vai ser mais nesse sentido”, aponta.
Enquanto os trabalhos novos ainda não ficam prontos, Taís tem investido as energias em um projeto de playlists no próprio Spotify. O foco é apresentar artistas, principalmente mulheres, que ela encontrou em horas escutando música e se debruçando no universo da Bossa e MPB, mas ela indica que as listas têm referências para o EP que está preparando. “Eu comecei a conhecer artistas que nunca ninguém tinha me indicado, e eu precisava exaltar isso de alguma maneira”, afirma a musicista.
Taís Cardoso e Aguaceiro
As postagens e comentários de despedida de Taís da banda já apresentavam o fato, mas a cantora garante que saiu para buscar algo próprio. “Eu sempre tive vontade de fazer um trabalho pessoal, então busquei isso”. “Quando estamos em uma banda a gente está muito envolvido com responsabilidades do grupo, tem muitas coisas que a gente faz, ainda mais em uma banda independente. A gente cuida de tudo o tempo inteiro. Eu não conseguia ter um tempo para focar na parte pessoal”, complementa.
Taís fez parte da formação que assumiu o nome Aguaceiro, antes Augusta. Junto com Lucas Maranhão, Gabriel Peres e Davi Figueiredo, a cantora fez parte da ascensão da banda que tocou no festival CoMA e ganhou um concurso que os levou para uma série de shows na Indie Week no Canadá.
Ainda antes de sair, a cantora tentou tocar um projeto solo sob o nome Caju. A ideia durou pouco mais de um mês e hoje é tratada como projeto piloto. “Fiz um teste, que a princípio eu não sabia que era um teste, pensei que um nome diferente ia ser mais legal, mas não, tem que ser o meu nome”, comenta Taís. Neste projeto, ela lançou a única música solo que possui até o momento.
Agora mais segura do que quer, Taís Cardoso está atrás de novos e mais altos voos, para que este pássaro consiga que o canto seja ouvido por mais pessoas. “Eu almejo o caminho, a trilha mesmo. É claro que nós músicos queremos que a nossa mensagem chegue em mais pessoas e eu quero isso”, espera a artista. “Quero contribuir com amor e suavidade para todo esse caos. Eu sei que tudo tem um equilíbrio e existe o caos por um motivo, mas se eu puder contribuir com a suavidade, é isso que eu tenho a oferecer”, finaliza.
*Estagiário sob supervisão de Adriana Izel