Música

Duo Royal Blood confirma nova fase com single 'Trouble’s coming'

'Se você quer ficar na mesma, você é um chato', afirma Mike Kerr em entrevista ao Correio. A dupla se mostra estar mais dançantes e em ritmo de mudança no novo trabalho

Um duo formado por baixo e bateria, que toca sons pesados e tem fãs em todo globo. Esta é Royal Blood, banda britânica da cidade litorânea de Brighton. Os dois roqueiros lançaram o single Trouble’s coming no fim de setembro e tem preparado um retorno triunfal após três anos sem lançamentos. Diferentes, mais dançantes e usando mais cores, o Royal Blood investe no novo para o terceiro disco, que tem a dura tarefa de suceder os aclamados e pesados How did it get so dark?, de 2017, e o álbum de estreia homônimo de 2014.

Royal Blood é uma banda que ficou famosa pelo rock pesado, com o som distorcido e muitas vezes classificado como “sujo”. No entanto em 2020, o duo de Brighton lançou o single, primeira novidade em 3 anos, e a música surpreendeu pelo aspecto dançante. “Eu acho que nós queríamos mudar um pouco, queríamos fazer algo que é novo e mais fresco, não queríamos continuar na mesma, não queríamos ser uma banda que permanece na mesma”, conta o vocalista e baixista Mike Kerr.

“Desta vez sentimos que poderíamos nos aventurar sem nos importarmos em soar diferente”, explica o vocalista sobre a nova música que encabeça um álbum previsto para ser lançado no segundo semestre de 2021. O músico relata a percepção de que as boas músicas da banda são feitas da química entre ele e o baterista Ben Thatcher, e não necessariamente do estilo musical que eles tocam. Isso fez com que decidissem se aventurar mais. “Eu não gosto que as coisas se mantenham sempre as mesmas. Se você quer ficar na mesma, você é um chato”, critica o vocalista.


Trouble's coming já está entre as músicas recentemente mais ouvidas da banda no Spotify e estreou no topo das paradas de rock britânico. De acordo com o baixista, ela é apenas uma amostra grátis do que preparam para o disco. “Nesse novo trabalho nós queríamos fazer tudo que nós nunca fizemos antes, então tudo que você ouvir nesse álbum vai ser algo que você nunca ouviu a gente fazer”, comenta Kerr. Ele também classificou o álbum como “divertido, pesado e para cima”. “Vai soar diferente de tudo, e de qualquer dos nossos discos anteriores”, completa.

O álbum estava sendo gravado quando tudo teve de ser fechado por conta das normas impostas pela pandemia. Ambos, então, foram para o isolamento e deste espaço saíram coisas que não tinha sido previstas para o álbum. “Estar em isolamento cria tédio e cria solidão, e acho que para mim essas duas emoções são verdadeiramente importantes para a criatividade. Como resultado destes sentimentos, eu escrevia música e criava puramente pela motivação de me fazer feliz”, lembra Mike sobre os tempos de lockdown na Inglaterra.

O álbum não teve só mudanças de agenda por conta do isolamento, a parte criativa também alterou bastante. “Nós compusemos algumas músicas neste tempo que nos deixaram muito orgulhosos. Eu acho que elas realmente são as melhores músicas do álbum”, reflete o vocalista. Ele ainda aumentou as expectativas para o que vem por aí. “O próximo single que você vai ouvir é uma delas”, antecipa o cantor.

Royal Blood e a relação com o Brasil

“Minha experiência é de que os shows no Brasil foram provavelmente os melhores que já fizemos, porque há uma energia e um espírito no Brasil que você não acha em nenhum outro lugar do mundo”, exalta Mike Kerr sobre as duas vezes que a banda veio para o país. Entre as apresentações mais importantes estão a participação no Rock in Rio de 2015 e Lollapalooza 2018.

A potência dos shows e o rock pesado da banda levaram o público brasileiro à loucura, mas também houve o caminho inverso, o Royal Blood ficou louco com os fãs do Brasil. “Algumas vezes você tem que convencer o público a se divertir, sempre que tivemos que nos apresentar no Brasil, nós nunca precisamos fazer isso”, pontua Mike. “Sentimos como uma experiência de união e é um bonito país também, então minha vivência de estar aí foi incrível”, acrescenta.

*Estagiário sob supervisão de Adriana Izel