Reaberto em setembro, o Museu Nacional da República apresenta um conjunto de três novas exposições: Brasília em acervo, A substância da Terra: o sertão e Mobiliário moderno e contemporâneo: dois momentos do design de móveis da capital. Em cartaz até fevereiro de 2021, as mostras são distintas e independentes e retomam o calendário do equipamento cultural interrompido em razão das medidas de contenção do novo coronavírus.
Móveis contam histórias
Com curadoria dos professores Fernanda Freitas e Fred Hudson, a exposição Mobiliário moderno e contemporâneo: dois momentos do design de móveis da capital, como o próprio nome diz, apresenta ao público a relação de Brasília com o mobiliário, bem como um panorama do design de mobiliário desenvolvido na capital.
Estão ali obras de nomes conhecidos, como Sergio Rodrigues, Jorge Zalzupin e Michel Arnoult, e móveis que pertenceram ao Cine Brasília, ao Brasília Palace e ao Museu Vivo da Memória Candanga e foram restaurados pelos alunos da Oficina de restauro do Instituto Federal de Brasília (IFB). Em parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec-DF), o instituto resgata os ambientes das décadas 1960 e 1970.
A exposição também contempla os frutos deixados por estes nomes na geração de designers da capital. São peças contemporâneas, dos anos 2000, assinadas por artistas que levam na identidade os traços modernistas. “Ela mostra esses dois momentos. O momento do modernismo, do pioneiro da criação de Brasília, e o momento contemporâneo, atual, com uma produção de design já estabelecida na cidade”, comenta Sara Seilert, artista plástica e diretora interina do museu.
Veia artística
Localizada no expositivo principal do Museu Nacional da República, Brasília em acervo comemora os 60 anos da capital federal. A exposição é uma curadoria institucional, assinada por Sara, com obras do próprio acervo do museu, bem como do Museu de Arte de Brasília (MAB).
Um conjunto de cerca de 115 obras revela a potência artística da cidade, desde os pioneiros, que não necessariamente eram e são brasilienses, mas estão vinculados à cultura visual de Brasília, até gerações posteriores dos anos 1970, 1980, 1990 aos dias atuais.
São trabalhos de Athos Bulcão, Roberto Burle Marx, Marianne Peretti, Glênio Bianchetti, Rubem Valentim, Douglas Marques de Sá, Milan Dusek e Maciej Babinski, além de Wagner Barja, Sergio Rizzo, Cecilia Mori, Adriana Vignoli, Matias Mesquita e Josafá Neves. O recorte também presta um tributo aos mentores, como Lêda Watson, e ao Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB).
“Não é uma linha do tempo, algo linear. É um panorama de uma história da arte. Uma preocupação nossa, inclusive, enquanto museu de propor uma narrativa dessa produção, de lembrar que somos um museu, que temos um acervo rico”, explica Sara. Diante de obras em diversas linguagens, como pintura, escultura, desenho, gravura, vídeo instalação, a produção artística da capital foi além do modernismo que a originou. “Quando fala de Brasília, a gente sempre associa ao modernismo, mas é interessante perceber que a produção de arte da cidade não ficou presa a isso. Se fundou nesse modernismo, teve essa raiz na identidade cultural e visual da cidade, mas depois essa produção foi criando e trilhando um caminho próprio. Brasília está no mundo. Os artistas estão super conectados com o mundo e a produção de arte brasiliense dialoga, acompanha e propõe coisas que não dizem respeito só a cidade”, acrescenta.
Aridez do sertão
O mezanino do museu imerge o espectador no sertão brasileiro. Com curadoria de Simon Watson, a mostra A substância da Terra: o sertão traz o trabalho de quatro artistas brasileiros que exploram o espírito do sertão: Bené Fonteles, João Trevisan, Leandro Júnior, e Lidia Lisbôa.
A concepção da exposição, a segunda de uma série de projetos curatoriais sobre o sertão que começou em São Paulo, nasceu da fascinação do curador pelo Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Há dois anos, Watson embarcou em uma viagem rodoviária de 20 horas até a região, que o encantou pelas paisagens e, principalmente, por sua gente.
O trabalho em Brasília pretende mostrar uma típica habitação do sertão brasileiro. A casa é emoldurada por duas paredes flutuantes criadas por João Trevisan, feitas em madeira. Na parte interior, estão duas pinturas do artista. Dentre os outros elementos artísticos que marcam as paredes externas da casa, estão dois murais de respingo de tinta cobrindo toda a extensão do chão ao teto, instalados por Leandro Júnior. Remetendo a um espaço sagrado, o interior da moradia contém três “Torres” de Bené Fonteles; três esculturas em tecido de Lidia Lisbôa e, uma plataforma baixa, elíptica e revestida de barro expondo várias esculturas da obra Cupinzeiros, também de Lidia.
Serviço:
No Museu Nacional da República, no Setor Cultural Sul, Lote 2, próximo à Rodoviária do Plano Piloto. Até 14 de fevereiro de 2021. De sexta a domingo, das 10h às 16h – horário reduzido em atendimento ao protocolo de segurança para enfrentamento da pandemia. Entrada gratuita.
Não deixe de conferir
Além das exposições em cartaz no Museu Nacional da República, outros espaços da cidade também oferecem distintas programações. Confira!
- 17 ODS para um mundo melhor
Um grupo de artistas, entre eles o brasiliense Pomb, utilizou de globos terrestres, com 1,8m de altura cada, como suporte para criar uma obra inspirada nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações UNidas (ONU). A exposição 17 ODS para um mundo melhor, localizada no Conjunto Cultural da República, próximo à Biblioteca Nacional, aborda questões sociais, ambientais e econômicas, tendo como temáticas a educação de qualidade, a redução das desigualdades, a igualdade de gênero, a erradicação da fome, a agricultura sustentável, a água potável e o saneamento.
Assinam os trabalhos, além de Pomp, Mundano, Beatriz de Carvalho, Fabiano Al Makul, Priscila Barbosa, Maramgoní, Fernanda Eva, os arquitetos Marcelo Stefanovicz e Consuelo Cornelsen, Giovanna Nucci, Binho Ribeiro e o coletivo SHN. Catherine Duvignau, organizadora da mostra, acredita que “através de uma exposição artística vamos levar a população de Brasília a conhecer melhor os 17 ODS, essas metas tão importantes estipuladas pela ONU”.
Serviço:
No Conjunto CUltural da República, no Setor Cultural Sul, Lt. 02. , Asa Sul. Até 17 de dezembro. Aberta ao público.
- Entreligar-se
A exposição coletiva Entreligar-se reabre as portas do Centro Cultural TCU para visitas. Por meio de fotografias, instalações, esculturas, pinturas, vídeo, grafite e assemblage, os trabalhos convidam o público para um diálogo entre a arte e o trabalho de fiscalização da instituição. Entre os temas abordados estão questões essenciais como saúde, meio ambiente, cultura, educação, trabalho, bem-estar social, relações internacionais e segurança.
A partir das obras expostas, algumas inéditas, a exposição busca provocar uma reflexão sobre aquilo que atua sobre o indivíduo, mas também afeta a sociedade como um todo. Com curadoria de Karina Santiago, Entreligar-se reúne trabalhos de Adriana Vignoli, Bárbara Mangueira, Beto Barata, Cecília Mori, César Flores Becker, Christus Nóbrega, Denise Camargo, Gu Da Cei, Joana França, João Angelini, Johnson Barros, Kazuo Okubo, Mila Petrillo, MediaLab/UnB, Taigo Meireles, Toys e Omik, Valéria Pena-Costa e Virgílio Neto.
Em respeito aos protocolos de segurança, as visitas precisam ser agendadas previamente. O espaço abrigará, ao todo, no máximo dez pessoas.
Serviço:
No Centro Cultural TCU, no Setor de Clubes Sul, trecho 3. De segunda a quarta-feira, das 10h às 16h, somente com agendamento prévio. Entrada gratuita.
- Reintegração de posse: narrativas da presença negra na história do Distrito Federal
Lançada em setembro de 2019 no Museu Nacional da República, a mostra histórico-fotográfica Reintegração de posse: narrativas da presença negra na história do Distrito Federal ganha agora novo formato. As imagens, pertencentes ao acervo do Arquivo Público do DF, estão expostas em pontos de ônibus do Setor Comercial Sul (SCS) e Setor Bancário Sul.
O projeto, que nasceu na Universidade de Brasília (UnB), busca acabar com narrativas racistas que são construídas acerca do espaço do negro e enaltecer a importância dessas pessoas, que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), compõem 57% da população do Distrito Federal.
Serviço:
Em pontos de ônibus do Setor Comercial Sul (SCS) e Setor Bancário Sul (SBS) na Galeria dos Estados. Até 19 de fevereiro de 2021.
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