A mistura do funk com o hip-hop é o som de Baile & drip, novo álbum solo do beatmaker VHOOR. Natural de Belo Horizonte (MG), o artista ficou conhecido pela recente parceria feita com a dupla de rappers Hot e Oreia, nas faixas Saiu o sol e Juro$. O lançamento é o terceiro disco do produtor musical em 2020 e o quinto da série Baile.
O álbum soa como uma grande festa. Os sons diferentes do hip-hop e do funk conversam e trazem para a música traços pesados, porém sem perder o ar de diversão. É visível que as batidas trap dão um tom mais obscuro ao funk. Em contrapartida, as melodias do funk trazem o mesmo apelo de dança independente do ritmo inserido pelas referências do hip-hop.
Mistura de manifestações culturais
Baile & drip faz parte da série Baile, composta pelos álbuns: Baile & beats, Baile & thrill, Baile & vibes e Baile & sauce. No conjunto, o produtor musical visa incorporar ao som do funk traços da cultura hip-hop, desde o miami bass dos anos 1990 até o mais recente trap. “Resolvi misturar as duas coisas e acabou que encaixou bem misturar essas duas manifestações culturais desses dois lugares diferentes. Isso se transforma em um som muito único que eu gosto bastante”, conta o músico.
“Essa série Baile é uma vontade que eu tinha de ir acompanhando os padrões estéticos de hip-hop pelo mundo e juntando com o funk que temos aqui”, explica VHOOR sobre os trabalhos que vem fazendo nos últimos dois anos. O mais atual álbum é o que exigiu anos de estudo do artista nas cenas hip-hop do mundo todo. “É uma evolução do meu trabalho somado com as referências de trabalhos que fiz em conjunto com rappers”, acrescenta.
Entre os rappers com quem trabalhou estão Hot e Oreia, duo mineiro que se destacou este ano com o álbum Crianças selvagens, no qual VHOOR colaborou nas faixas Saiu o sol e Juro$. “Eles foram super gente boa, me deram total liberdade para que fizesse o beat que eu quisesse, e eles escolheram dois que faziam parte da lista dos meus melhores beats e ficaram muito satisfeitos”, afirma o artista. “Foi muito legal ter a oportunidade de expandir meu trabalho para um público que não chegaria em mim”, completa.
E VHOOR não para por aí. O artista confirmou, em entrevista ao Correio, que a série Baile deve continuar em 2021. Ele também trabalha constantemente em novas músicas e em pesquisas para aprimorar o próprio trabalho.
Semana passada eu fiz minha melhor música
— VHOOR (@vhoorvictor) November 19, 2020
Beatmaker
VHOOR saiu de uma cena de artistas que faziam beats e postavam no soudcloud - plataforma de streaming de música. Nela, ele vendeu sons para fora do país e se estabilizou fazendo a base de músicas para funkeiros que disponibilizavam versões a capella de músicas. “É muito legal que a internet possibilitou que a gente conseguisse fazer essas conexões para que acontecessem músicas à distância”, pontua o produtor musical.
Trabalhando com produção musical desde os 17 anos, o artista hoje, aos 22, está estabelecido no meio dos beats e sonha em ser reconhecido por assinaturas no som que produz. “O beatmaker tem uma sonoridade específica, principalmente, nós que temos um trabalho solo. A gente tem o processo de desenvolvimento de uma estética e de uma personalidade nos beats que fazemos”, reflete o músico.
“É interessante identificar o que tem do artista e o que tem do beatmaker no som como um todo”, explica VHOOR, que defende o papel central do beatmaker no processo de criação de uma música. “É muito ruim quando a galera pede beat de graça, ou não credita em lugar nenhum, é muito chato com o nosso trabalho. Nós somos uma engrenagem importante para poder fazer a música acontecer como tantas outras coisas”, analisa o artista.
Baile & drip, novo álbum de VHOOR
*Estagiário sob a supervisão de Roberta Pinheiro
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