Em 25 de agosto, em pleno isolamento da pandemia, Sean Connery completou 90 anos. Nasceu em 1930, em Fountainbridge, Edimburgo, no Reino Unido. Thomas Sean Connery militou pela independência da Escócia, mas há muito tempo fixara residência em Nassau, nas Bahamas, para fugir ao rigor do Fisco britânico. E foi nas Bahamas que Sean Connery morreu, neste dia 31, em que se comemora o Halloween.
No imaginário do público, ele foi talvez o melhor intérprete de James Bond, formatando o agente com licença para matar em filmes de grande apelo popular. Nunca quis ficar preso ao papel e levou uma importante carreira paralela, fazendo grandes filmes de grandes diretores.
Filho de pai católico e mãe protestante, Connery foi leiteiro na juventude. Trabalhou como motorista de caminhão e modelo vivo para artistas do Colégio Real de Artes de Edimburgo. Terceiro colocado no concurso de Mister Universo, foi levado por um amigo para fazer um teste para o musical South Pacific/Ao Sul do Pacífico. Aprovado, participou do coro da peça.
Estreou no cinema, sem crédito, fazendo ponta em Lilacs in the Spring, de 1955. Nos quatro anos seguintes continuou fazendo pequenos papeis em filmes e peças, até A Maior Aventura de Tarzan, de John Guillermin, de 1959. O filme é considerado um dos melhores com o personagem criado pelo escritor Edgar Rice Burroughs. Connery faz o vilão - Gordon Scott é Tarzan.
Em 1962, a história mudou quando foi escolhido para interpretar James Bond em Dr. No - no Brasil, O Satânico Dr. No. Criado pelo escrtitor Ian Fleming, 007 tornara-se um fenômeno nos livros quando o então presidernte John F. Kennedy disse que seguir suas aventuras era o maior divertimento para aliviar as tensões do cargo. Terence Young, que dirigiu o filme, contava que não foi fácil ensinar etiqueta e elegância ao rude escocês, mas o público imediatamernte correspondeu e Sean Connery virou astro, da noite para o dia.
Seguiu fazendo o personagem em Moscou Contra 007 (Terence Young), 007 Contra Goldfinger (Guy Hamilton), 007 Contra a Chantagem Atômica (Young) e Com 007 Só se Vive Duas Vezes (Lewis Gilbert). Cansado da figura, rompeu com o papel, mas voltou mais uma vez em 007 os Diamantes São Eternos (Hamilton). Nos anos 1980, e dessa vez fora da série oficial, despediu-se do papel em Nunca Mais Outra Vez, de Irvin Kershner.
Connery tinha o physique du rôle e o humor cínico de 007. Cada vez mais à vontade no papel, ele seguiu nos anos 1960 e 70 uma carreira paralela. Filmou com Alfred Hitchcock (Marnie, as Confissões de Uma Ladra), Irvin Kershner (Sublime Loucura), Martin Rtitt (Ver-te-ei no Inferno, seu maior filme), John Huston (O Homem Que Queria Ser Rei) e Richard Lester (Robin e Marian). Manteve uma bem sucedida parceria com Sidney Lumet (A Colina dos Homens Perdidos, O Golpe de John Andersen, Até os Deuses Erram, Assassinato no Orient Express).
Foi com esses diretores que Connery fez a passagem de astro para (grande) ator. Tornou-se respeitado, tanto quanto admirado. Ganhou o Bafta de melhor ator de 1986 por O Nome da Rosa, que Jean-Jacques Annaud adaptou do livro de Umberto Eco, e o Oscar de melhor ator coadjuvante por Os Intocáveis, de Brian De Palma, em 1987. Dois anos depois, Steven Spielberg fez dele o pai de Indiana Jones em A Última Cruzada. A forma irônica como ele chamava Harrison Ford de 'Júnior' contribuiu, e muito, para o charme do filme.