MÚSICA

Invasão latino-americana

Após fazer sucesso mundialmente com Calma, Pedro Capó lança Munay, disco em que canta o amor

Há alguns anos, o Brasil aceitou de vez a música latino-americana, seja incorporando os ritmos dos países vizinhos, seja apreciando o trabalho feito pelos artistas da nacionalidade. O porto-riquenho Pedro Capó, 39 anos, é um desses cantores que caiu no gosto do público brasileiro após o lançamento do single Calma, em 2018, que esteve até o ano passado no Top 100 do Brasil da Billboard.
“Demorou (a invasão latino-americana no Brasil) e isso fala muito da autossuficiência da música brasileira. Mas sempre quissemos que a porta fosse aberta. É uma honra poder levar minha música”, afirma Capó em entrevista ao Correio. Além de ter estado nas paradas tupiniquins, o artista tem uma relação estreita com o país, graças as parcerias com Anitta — eles se apresentaram juntos no ano passado na Copa América — e Pablo Bispo, importante produtor musical do país.
Bispo é um dos compositores de Tu fanático, uma das 11 músicas de Munay, quarto álbum de estúdio do cantor lançado em setembro. “Pablo é meu irmão. Nos conhecemos em uma sessão de composição e num clique escrevemos duas músicas. Sempre tivemos vontade de trabalhar juntos. Ele é um gênio e um grande representante do Brasil”, revela. Na faixa, há influências do trap, ritmo que também cresce no país.
Além da subverente do rap, outros diferentes estilos musicais se encontram em Munay. O disco tem a sonoridade tradicional mescada ainda ao som caribenho e andino (Contigo Na’ Ma), ao pop urbano (Calma e Donde hubo amor) e ao R&B (Solares).
O nome do disco explica o conceito do álbum. Munay quer dizer “amor absoluto” em quíchua, língua indígena da América do Sul falada em grupos étnicos de países como Bolívia, Peru e Equador. “Munay nasce de um processo de uma experiência pessoal. Porque há 20 anos eu trabalho com plantas medicinais e vou num retiro espiritual na Amazônia, no Peru, num acompanhamento que se chama Munay. Pareceu-me bonito num disco trazer conceitos de amor, não só o romântico, mas da empatia, da compaixão, da religiosidade, do passional, do sexual, à nação, aos compromissos sociais. Tudo isso é amor. Espero que esse disco seja a minha contribuição nesse tempo difícil”, revela.

» Quatro perguntas // Pedro Capó

Depois do sucesso de Calma, sentiu uma pressão para fazer Munay?
Na verdade não. O álbum Munay sempre veio com Calma, essa música sempre foi parte dele. Quando fizemos o lançamento não imaginávamos que Calma teria um sucesso tão grande e mundial. Depois lançamos Buena sorte, chegou a pandemia e tivemos que pensar em outra estratégia. Mas nunca senti pressão, só gratidão. Gratidão pelas pessoas terem se conectado com uma música bonita. Se há uma fórmula a se seguir é escrever com sinceridade.

Como tem sido esse período da pandemia?
Um tempo de adaptação, como para todo mundo. Mas estou focando nas coisas positivas e aproveitando o tempo. Sempre reclamamos da falta de tempo e agora temos muito para nos organizamos, passar tempo com os nossos, sermos mais introspectivos. Hoje damos a devida importância ao abraço, ao estar em público, a fazer shows. Acredito que temos que aproveitar. Quando à carreira, estamos fazendo shows como pudemos. Que bom que temos a tecnologia, mas nada é como um show ao vivo.

Você esteve em Brasília no ano passado. Que recordações guarda da cidade?
Foi incrível. Me apresentei numa praia que vocês criaram aí. (risos). Foi um dos shows mais bonitos da minha vida. Adoro o Brasil, acho que há uma similaridade entre brasileiros e porto-riquenhos. Ambos são muito alegres, musicais e gostam de celebrar a vida. Senti-me em casa.

Você sente vontade de gravar com artistas brasileiros?
Sim, tenho muita vontade. Com o pessoal do Natiruts, com quem me encontrei em Brasília; com a Pabllo Vittar, me encanta o trabalho dela; e com Anitta, com quem já trabalhei na Copa América. São muitos talentos brasileiros e eu espero sim poder fazer parcerias com eles.