A Liga dos Blocos Tradicionais de Brasília divulgou uma nota, nesta segunda-feira (26/10), em resposta ao anúncio de que o governo do Distrito Federal (GDF) não irá financiar o carnaval do próximo ano, devido à pandemia do novo coronavírus, e por isso a folia estará cancelada. O governador Ibaneis Rocha (MDB) também se posicionou na manhã desta segunda-feira (26), declarando que não pode tratar de carnaval, enquanto não houver vacina. O grupo, então, decidiu se reunir para entrar com um pedido de revisão do cancelamento da festa de carnaval 2021, oferecendo alternativas para que os blocos possam realizar a folia, de acordo com os protocolos de segurança. Uma delas é o adiamento do evento para agosto ou setembro do ano que vem.
A primeira sugestão levantada pela Liga dos Blocos Tradicionais de Brasília, composta por oito grupos, Pacotão, Galinho de Brasília, Mamãe Taguá, Asé Dúdú, Menino de Ceilândia, Bloco dos Raparigueiros, Baratona e Baratinha, é a de que a festa seja adiada para agosto ou setembro de 2021, seguindo as medidas de segurança. “Desde que se cumpra todas as normas sanitárias e científicas em relação à pandemia para que haja condições de resguardar o bem-estar de todos que participam direta ou indiretamente da festa”, diz a nota. A segunda proposta é a de que “sejam feitas audiências públicas virtuais com os agentes culturais carnavalescos e toda sociedade civil a respeito do tema”.
O grupo também lembrou que a não realização do carnaval configura em prejuízos à sociedade e aos cofres do GDF, devido aos empregos gerados, ao turismo e ao aquecimento da economia em diversos setores. “Entramos em contato há quatro ou cinco meses com a Secretaria de Cultura (e Economia Criativa do DF) e, em comum acordo, vimos que não era viável a realização do carnaval mediante a pandemia. E, enquanto não saiu a vacina ainda, estamos propondo uma medida alternativa. Esperamos este fomento do governo, e a realização alternativa das festas, pois é o recurso que nos é garantido por lei”, explica o presidente da Liga, Paulo Henrique.
Nesta segunda, o secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Bartolomeu Rodrigues falou sobre a questão do cancelamento do carnaval ao programa CB Poder. “A Secretaria de Segurança tem nos questionado: "vai ter ou não vai ter?" Porque precisam se programar. Os blocos precisam se programar. Fiquei sabendo de uma proposta oficial dos blocos de adiar o carnaval para outra data. Tudo isso será discutido. Eu ouvi ponderações deles próprios, ponderações corretíssimas. Agora o estado tem responsabilidade. Nós não vamos colocar recurso, em uma coisa que não sabemos como vai estar no período do carnaval, mesmo em setembro e agosto”, disse Bartolomeu Rodrigues, secretário de Cultura e Economia Criativa, em entrevista ao CB Poder.
Fomento à cultura
Ao fim da nota, os representantes da liga apontam que os segmentos culturais "já amargam uma conta bem alta porque não receberam nenhum tipo de incentivo do GDF durante a pandemia. A Lei Federal 14.017/2020, ou Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc que prevê apoio emergencial ao setor cultural ainda não foi repassada aos agentes culturais e as demais classes artísticas do DF. Por fim solicitamos a Secretaria de Cultura e Economia Criativa uma reunião em caráter de urgência para tratarmos da questão com seriedade e buscarmos alternativas para realização do carnaval 2021”, diz o texto.
Em resposta ao Correio, a posição oficial da Secec é de que "em diálogo com o governo do Distrito Federal, segue rumo ao cancelamento das comemorações, com recursos públicos, do carnaval 2021, evitando a possibilidade de geração de aglomerações comuns à festividade. O governo está tomando as providências cabíveis para o cancelamento oficial. A Secec ainda não recebeu solicitação da Liga dos Blocos para revisão do cancelamento, mas permanece dialogando com todos os grupos", diz a nota da assessoria da Secec.
A secretaria também citou o início do pagamento do auxílio emergencial, ainda para esta semana, além de outros editais de fomento à cultura."Para além da atuação no âmbito da Lei Aldir Blanc, a Secec lançou, logo após a declaração da situação de emergência nacional, uma série de ações com o objetivo de atenuar a situação da comunidade artística do DF. São elas: o Edital FAC Apresentações On-line: 86 projetos foram aprovados com aporte de R$ 2 milhões com potencial de gerar 3100 empregos diretos e indiretos; o Edital Prêmios FAC Brasília 60: R$ 2 milhões ao todo destinados a artistas e organizações que promoveram a cultura no DF; e Edital Premiação Brasília Junina 2019: R$ 501 mil destinados a 40 grupos de quadrilhas juninas pelas suas trajetórias ao longo dos anos", se posicionou a secretaria, em relação a acusação sobre falta de incentivos por parte do GDF.
A Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) do Distrito Federal anunciou na última sexta-feira (23/10), o pagamento de cinco parcelas para Linha 1 da Lei Aldir Blanc que, por enquanto, só contempla pessoas físicas. Os espaços, empresas culturais e coletivos, que configuram a Linha 2 do projeto, ainda precisam aguardar a conclusão da análise, com previsão de pagamento para os próximos dez dias.
*Estagiária sob supervisão de Adriana Izel