Pandemia

Pandemia abre espaço para o mercado de animação no mundo

Formato tem sido usado como alternativa, além de ter sido opção de conteúdo inédito

A pandemia de covid-19 mexeu com as estruturas do audiovisual. Com os estúdios fechados, foi preciso buscar alternativas para continuar a produzir conteúdos mesmo a distância. No cenário dos videoclipes, artistas internacionais e brasileiros apostaram na animação. Foi o caso de nomes como Pabllo Vittar (Rajadão), Silva (Júpiter), Katy Perry (Smile), BTS (We are bulletproff: The eternal) e Emicida (Trevo, figuinha e sour na camisa). Até o mundo das séries live-action adentrou nos desenhos animados. Foi assim, por exemplo, que The Blacklist encerrou a sétima temporada: exibindo o episódio intitulado The Kazanjian Brothers todo em formato animado.

“As produções em live-action tiveram que parar e as animações continuaram, porque é algo que pode ser feito de casa, se você tiver os materiais. Diria que a pandemia, de certa forma, forçou as pessoas a pensarem em novos jeitos criativos de continuar criando conteúdos. A animação se tornou em um modo um pouco mais fácil”, avalia Diego Molano, criador do Cartoon Network e nome por trás da animação Victor & Valentino. Para ele, essa experiência deve ter impacto futuramente no cenário. “Acredito que haverá muita coisa nova surgindo por causa disso (da facilidade)”, completa.

O fato de poder continuar trabalhando de forma remota é algo que Alan Ituriel, responsável pela animação Valentino que neste ano teve um crossover com Victor & Valentino, credita a animação. “Sou muito agradecido por ser um trabalho e uma indústria que pode ser feita a distância. Claro que nada se compara ao contato humano de estar com uma equipe. Mas se você for ver o lado bom nisso tudo é que podemos todos trabalhar de casa”, comenta. Ituriel também se mostra empolgado com o futuro: “Tem sido algo lindo ver tantos novos projetos de animação que estão surgindo”.

Quando estava finalizando A caminho da lua, animação original da Netflix que estreia na sexta-feira (23/10) no serviço, o diretor Glen Keane — conhecido por trabalhos em A Bela e a Fera, A Pequena Sereia e Dear Basketball — se viu em meio a um dilema. A equipe teve que deixar a sede da Netflix em Los Angeles para iniciar o isolamento social. “Fomos embora e não voltamos ao prédio desde então. O único jeito que conseguimos terminar esse filme foi porque todos acreditamos que isso era maior. Todo mundo estava em casa e de algum jeito continuando a trabalhar; animar figurinos, design, cabelo; gravar e finalizar as composições. Tivemos que fazer tudo a distancia, evocando os temas do filme”, explica.

Situação oposta de produções live-action que, simplesmente, ficaram paradas durante os primeiros meses da pandemia, como aconteceu com o filme The Batman, o seriado The Witcher e a novela Amor de mãe. Mais recentemente é que os estúdios em todo o mundo iniciaram a retomada das atividades e assim as gravações de filmes, séries e, no caso do Brasil, de novelas. Porém, de forma diferente, seguindo protocolos de segurança, que, inclusive, mudam a dinâmica de algumas histórias, como a diminuição ou até fim de cenas de intimidade entre personagens, além da inserção da temática do novo coronavírus em alguns enredos.