Uma investigação on-line resultou na retirada de uma das obras da exposição Invitadas (Convidadas) do Museu do Prado, em Madri, na Espanha. Ao contrário de todas as obras que integram a mostra, Escena de familia (Cena de família) é, na verdade, uma pintura do século 19 feita por um homem.
Inaugurada no início do mês de outubro, Invitadas marca a reabertura do museu deste que as galerias espanholas puderam reabrir ao público e tem como objetivo refletir sobre o papel desempenhado pelas mulheres na arte espanhola entre 1833 e 1831.
A pintura, em tela mal preservada, levava a autoria da artista andaluz Concepción Mejía de Salvador. Exposta em uma sala própria, a obra, que mostra três mulheres levantando os olhos das tarefas domésticas para observar um velho se despedindo de um menino tristemente, deveria enfatizar a histórica marginalização das artistas mulheres.
Contudo, a blogueira Concha Diaz Pascual, que escreve sobre artes, suspeitou da autoria do trabalho e rastreou os registros históricos até chegar à verdadeira identidade da obra: La marcha del soldado (A partida do soldado), de Adolfo Sánchez Megías.
Em comunicado, a instituição confirmou a retirada da obra do acervo da exposição diante das evidências que provam que tanto a autoria quanto o título da mesma estavam equivocados. O museu informou ainda que o trabalho chegou ao Prado em 2016 procedente do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, durante a recomposição de acervos entre as duas instituições, sob a atribuição de “Mejía de Salvador, Escena de familia”, autoria que se manteve para a atual exposição.
"O Museu Nacional do Prado lamenta este contratempo, que confirma o caráter aberto do projeto desta exposição e a necessidade de prosseguir com a investigação sobre artistas mulheres do século passado. Esta instituição agradece a contribuição crítica de Concha Díaz Pascual, que demonstra o valor e a capacidade dos profissionais e amantes da arte e, ao mesmo tempo, enriquece os esforços de pesquisa e divulgação do museu".