Pesquisa

Centro-Oeste tem menor intenção de retorno de atividades culturais

Pesquisa realizada pelo Itaú Cultural em parceria com o Datafolha revela, contudo, que maioria dos entrevistados sente segurança em retornar às atividades presenciais

 

Uma pesquisa realizada pelo Itaú Cultural em parceria com o Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (8/10), revela que a região Centro-Oeste é a região que os entrevistados manifestaram menos intenção de retornar as atividades culturais. Além disso, os dados mostram que a maioria dos entrevistados, 54%, sente segurança em voltar às atividades presenciais. Dentro do grupo, o perfil mais confiante é representado por homens pertencentes a classe C. Ganha destaque dentro do estudo a falta sentida pelo público de opções de entretenimento e de interação social. 

Em coletiva de imprensa, Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, e Paulo Alves, gerente de pesquisa de mercado do Datafolha, divulgaram os resultados do estudo. Inicialmente, o objetivo da investigação era analisar os hábitos culturais da população no pós-pandemia e diante da reabertura das atividades culturais. 

“Queríamos compreender a dinâmica de como as pessoas estavam se vendo diante da reabertura das atividades culturais”, explicou Eduardo Saron. Para isso, 1.521 indivíduos, homens e mulheres, de 16 a 65 anos e de todas as classes econômicas e regiões do Brasil, foram entrevistados. Um recorte voltado para as regiões do Brasil revelou que apenas o Centro-Oeste tem uma menor expectativa de retorno das atividades culturais, de 53%. As demais regiões brasileiras apresentaram um resultado homogêneo acima de 60%. 

Uma parte da investigação da pesquisa se destinou ao fator segurança das pessoas em respeito ao retorno dos eventos presenciais. A maioria, ou seja 54%, se mostrou segura para voltar com as atividades culturais,  enquanto 46% não se sentem do mesmo jeito. Nas análises do Itaú Cultural e do Datafolha, o perfil que mais sente confiança para voltar é o homens pertencente à classe C, representando 63%. Ele se sente mais seguro que as mulheres, que representam 47%. 

Entretenimento

Durante o período de quarentena e distanciamento social, o que as pessoas mais sentiram falta foi de entretenimento e diversão, 38%, seguido da interação social, 20%. Dentre as opções de entretenimento, a pesquisa avaliou a relação das pessoas com shows musicais, circo, dança, teatro, atividades infantis, biblioteca, centros culturais, cinema, museus e saraus de poesia, literários ou musicais.

A atividade que a população mais sentiu saudade é o cinema, apontado por 30% dos entrevistados, seguido por shows musicais, com 24%, e em terceiro lugar, as bibliotecas, com 7%. O último é destacado por Saron como um espaço cultural de encontro e não somente de acesso ao livro. 

O contexto atual e o anterior à pandemia também alteraram a intenção das pessoas no que diz respeito à distância das opções de lazer citadas anteriormente. Agora, a proximidade passa a ser decisiva ao optar por uma atividade. No cenário anterior ao coronavírus, 58% dos indivíduos se deslocavam para outros bairros, enquanto no cenário atual, o índice cai para 44%. O maior deslocamento, de acordo com os dados, será mais propício no caso de eventos que não necessitem de transporte.

Protocolos

Além de apresentar os resultados da pesquisa, foram destacados os principais desafios neste retorno das atividades e equipamentos culturais. Saron comenta sobre três elementos que devem ser trabalhados no acolhimento do público: hibridismo, quando as atividades tem diferentes modelos, como on-line e físico; espaço expandido; e a garantia da qualidade oferecida pela cultura.

Apesar dos resultados apresentarem uma intenção e o desejo de uma volta das atividades culturais, a maioria dos entrevistados ainda demonstra “restrição em relação a atividades em locais fechados”, como pontua Paulo Alves. Uma arquitetura remodelada, que evite aglomerações e que possa garantir os mínimos protocolos, mostra simpatia de 84% do público.

Uma vez que a preferência maior é por locais abertos, a pesquisa também apresenta respostas espontâneas do público para os protocolos de segurança. Estão presentes o distanciamento social, o uso obrigatório de máscara e a higienização. Contudo, para 17% dos entrevistados, a segurança só existirá com a disponibilização da vacina para a covid-19.