Teatro

Espetáculo 'Cara palavra' é sarau poético performático em cartaz na web

Montagem é idealizada e protagonizada por Andréia Horta, Débora Falabella, Bianca Comparato e Mariana Ximenes

Adriana Izel
postado em 27/10/2020 06:01
 (crédito: Cara palavra/Divulgação)
(crédito: Cara palavra/Divulgação)

Desde o último dia 24, quatro grandes atrizes brasileiras Andréia Horta, Débora Falabella, Bianca Comparato e Mariana Ximenes levam aos palcos, em formato híbrido, o espetáculo Cara palavra em cartaz no Teatro Porto Seguro. A peça é definida como um sarau poético performático com foco na poesia feminina contemporânea e deveria ser lançada apenas em 2021, mas acabou sendo adiantada na pandemia, com cada uma das artistas trabalhando remotamente de casa.

“No ano passado, o músico Chuck Hipolitho nos reuniu com a vontade de fazermos um trabalho teatral unindo banda, poesia, música e improvisação. Mas quando veio a pandemia, nos reunimos e decidimos começar a produzir conteúdo com os nossos celulares, de modo mais artesanal e dentro de casa”, explica Andréia. Primeiramente, o quarteto publicou os conteúdos numa página no Instagram (@cara.palavra) e, agora, está em cartaz no teatro, podendo ser visto pela web. “Cada atriz estará em sua casa, e apenas a Débora no teatro. A peça agora é um pouco a realização daquela primeira ideia”, completa.

Na montagem, o quarteto celebra poetas brasileiras contemporâneas em uma costura dramatúrgica que une letras de músicas, discurso políticos e sonetos, sempre acompanhados de música. “Como seria um conteúdo autoral, nós começamos a pensar o que queríamos dizer, e partimos das coisas que estavam nos tocando muito naquele momento e de palavras que a gente tinha vontade de falar. A escolha foi muito em cima dos nossos desejos e do que a gente queria expressar”, diz a atriz.

Até 15 de novembro, sempre aos sábados e domingos, às 20h, o público pode acompanhar a transmissão digital de Cara palavra. “Estamos muito felizes de conseguir realizar o espetáculo neste momento e continuar a pensar artisticamente, criando e desenvolvendo projetos nesse período muito duro para nós artistas, por conta do fechamento dos teatros. Esse espetáculo tem uma beleza particular, que é o fato de falarmos de muitas poetas brasileiras contemporâneas, que são um pouco a carne do nosso texto e do espetáculo”, explica.

SERVIÇO
Cara palavra
Até 15 de novembro. Sábado e domingo, às 20h. Ingresso a partir de R$ 20 à venda do site do Teatro Porto Seguro (https://www.teatroportoseguro.com.br/. Os tíquetes são colaborativos e parte do valor arrecadado será destinado às campanhas que auxiliam profissionais das artes cênicas, que estão sem trabalho neste período. A exibição é por meio de uma plataforma. Cada espectador recebe um link para o acesso. Não recomendado para menores de 16 anos.

Três perguntas // Andréia Horta

 

Atriz Andréia Horta
Atriz Andréia Horta (foto: Ana Paula Amorim/Divulgação)

 

Vocês tinham a intenção de lançar nos palcos, mas veio a pandemia e o projeto teve que se adaptar. Como foi fazer essa transição?
Como nós só poderíamos nos reunir presencialmente em 2021, decidimos por começar das nossas casas mesmo. Assim que foi decretado o isolamento social no Brasil, começamos a produzir com o que tínhamos, porque a gente queria se expressar, trabalhar e falar coisas que estávamos pensando e sentindo — da maneira como a gente gosta, que é artisticamente — e fomos nos adaptando. Então com dois músicos, o próprio Chuck Hipolitho e o Guerra Fresno, e um editor convidado, começamos a fazer o conteúdo no formato de vídeos curtos.

Como tem sido esse período de quarentena para você?
No inicio da quarentena, devido ao excesso de notícias e a gravidade dos acontecimentos, fiquei abatida, mas depois eu fui estudando, e entendi o que era possível fazer naquele momento — que era se cuidar e seguir todos os protocolos, se isolar e ter o privilégio de ficar em casa. Então, nesse período eu estudei e li muito e fiz muitos cursos. Acho que isso foi a coisa mais importante que fiz na quarentena.

A televisão, o cinema e o teatro, além de outras áreas da cultura, tiveram muito impacto na pandemia. Como você vê a retomada?
Há um número muito grande de pessoas que gostam muito e prezam muito estar no teatro presencialmente e ver uma história acontecendo diante dos seus olhos. Essa maneira nova de se trabalhar (que usa aplicativos e faz reuniões on-line), gerado pelo período da pandemia, permite que artistas que não podem fazer um espetáculo em um teatro devido aos custos, consigam agora produzir peças das suas próprias casas e se expressar. Então de algum modo, essa maior democratização do espaço — no sentido de poder falar algo que se tem vontade — não vá parar de acontecer mesmo depois dessa pandemia terminar.

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