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Duo Gisbranco e Lan Lanh celebram a música instrumental feminina em show

O trio se une no show Luas, que integra a programação do Festival Jazz Montreux

Maria Baqui*
postado em 24/10/2020 10:22
Lan Lanh e duo Gisbranco -  (crédito: Nelson Faria/Divulgação e Daryan Dornelles/Divulgação)
Lan Lanh e duo Gisbranco - (crédito: Nelson Faria/Divulgação e Daryan Dornelles/Divulgação)

O protagonismo na música instrumental, tido majoritariamente por artistas homens, durante um grande período de tempo, vem dando cada vez mais espaço para a presença feminina. O público e os produtores de música instrumental e erudita estão mais atentos às produções desenvolvidas por mulheres. Por meio de sonhos e grandes inspirações na música brasileira e internacional, nascem instrumentistas que lutam por um campo profissional de iguais oportunidades para todos os gêneros. Este é mais um manifesto de empoderamento e de busca por conquistar liberdade de criação.

Nascida na Bahia e, desde criança, apaixonada pela música de Mônica Millet, Elaine Silva Moreira, de 52 anos, conhecida pelo nome artístico Lan Lanh completa 33 anos na carreira de percussionista. Para ela, a batalha diária em busca de fortalecimento da voz feminina é expressada por meio da música. “Comecei a tocar ainda menina. Quase sempre, fui a única mulher nas bandas por onde passei. Fico feliz e orgulhosa de ter ajudado a pavimentar esta estrada por onde passam mais mulheres tocando percussão”, explica Lan Lanh, que já tocou ao lado de artistas como Carlinhos Brown, Cássia Eller, Nando Reis, Elba Ramalho, Marisa Monte, Cindy Lauper e Tim Maia.

Lan Lanh diz que o início na trajetória profissional ficou marcado pelos primeiros encontros com uma banda de adolescentes, criadas por alunas da Universidade Federal da Bahia. Depois, Lan Lanh foi apresentada a Brown e, desde então, não de desapegou dos instrumentos musicais. “Todas as garotas tocavam violão, então sentiram a necessidade de colocar ritmo ao grupo e trouxeram Carlinhos, que deveria ter uns 18. Já que assistia os ensaios da banda lá em casa, me encantei com a bateria dele, ali foi que me despertou mesmo o início da minha jornada”, relembra a percussionista.

As pianistas Cláudia Castelo Branco, 39 anos, e Bianca Gismonti, 38, compõem o duo Gisbranco, criado em 2005. A arte de tocar piano, por vezes combinada a tons serenos de uma voz marcante, dão o toque característico da dupla. Em entrevista ao Correio, Bianca explicou que o aumento da busca feminina por aprender a tocar variadas possibilidades de instrumentos é o que mais representa a expansão do movimento entre mulheres. “Acredito na necessidade de nos reconhecermos iguais e, ao mesmo tempo, diversos. Unidade na diversidade. Para além da forma e maneira que desenvolvemos nosso trabalho musical, acredito que a ideologia primordial de constante busca do que somos em cada momento deve ser compartilhada para inspirar (e encorajar) o mundo”, disse Bianca.

Em parceria, Lan Lanh e o duo Gisbranco serão responsáveis por animar o público do tradicional evento Jazz Montreux, que ocorre de maneira remota, no Rio de Janeiro. O nome escolhido para a união das artistas é Luas. Neste sábado (24/10) às 20h35, elas trabalharão em uma performance que visa dar voz às mulheres instrumentistas. “Historicamente a música produzida por mulheres esteve ligada a práticas espirituais, sendo que houve um silenciamento progressivo até chegarmos aos dias de hoje. Então o público pode esperar uma mistura de todas as nossas linguagens, como jazz, MPB, música contemporânea, cultura popular, inseridas em um contexto de intensa reflexão sobre o feminino”, declara Cláudia Castelo Branco.

A proposta é que, por meio da busca em raízes da música brasileira, a apresentação Luas possa trazer a conquista de um espaço mais respeitoso e plural. “Estamos vivendo um projeto muito especial, porque, para além do encontro inédito com a grande musicista Lan Lanh, a ideologia do projeto é bastante singular e condiz com tudo o que eu e Claudia temos pesquisado e buscado, pessoalmente: a força ancestral e originária da mulher, que é cíclica, forte e melodiosa”, comemora Bianca Gismonti.

O evento contará, ao todo, com 23 apresentações. Entre estas estão shows solo e com artistas em colaboração. Milton Nascimento, João Donato, Yamandu Costa, Hamilton de Holanda, Amaro Freitas e Toquinho são nomes que compõem a programação do Rio Montreux Jazz.

SERVIÇO
Serviço Rio Montreux Jazz Festival
Até 25 de outubro, com transmissão gratuita pela internet e também em canais da TV por assinatura, Multishow e BIS.

*Estagiária sob supervisão de Adriana Izel

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