Bel Sant'Anna criticou o programa The voice Kids pelas redes sociais nesta segunda-feira (5/10). A adolescente de 15 anos participou do reality em 2019 e afirmou que a experiência foi traumática. Pelo Twitter, a cantora revelou detalhes dos bastidores do programa e relembrou a participação.
"Eu sei que ninguém liga, e vocês podem até achar que eu estou cuspindo no prato em que comi, mas na minha opinião o The Voice Kids deveria ser proibido. Não só porque as crianças estão sendo usadas para entretenimento alheio, mas eu já senti na pele como é estar lá e não me fez bem”, tuitou a ex-The voice Kids.
"Acontece que quando se colocam crianças para competirem entre si em prol do entretenimento alheio, já passa a ser algo duvidoso. Tenho que dizer que na época que eu fui (com 13 anos), a perspectiva de fazer parte disso era fantástica. Na minha cabeça, era tudo as mil maravilhas", completou a garota em um fio da rede social.
Bel afirmou que a participação no reality trouxe consequências negativas e afetou a autoestima dela após ser desqualificada nas batalhas. “Toda a mágica que a música tinha para mim foi embora porque eu pensava que não era boa o suficiente pra continuar. Alguém lá dentro me designou ruim demais para seguir no show. Até hoje tenho muita insegurança em relação à tudo o que eu faço com música por causa disso e ainda trabalho com a terapeuta”, relatou.
Segundo a adolescente, o programa sempre disponibilizou psicólogos para a ocasião, mas ela afirmou que eles não passavam qualquer mensagem tranquilizante e só repetiam respostas padrões, “estavam mais para babás”, como descreveu Bel.
Preparação
Diante do relato da adolescente, o Correio ouviu terapeutas e psicólogos para comentar a relação entre competição e períodos da vida como infância e adolescência. De acordo com o psicólogo Alexander Bez, a competição na infância, geralmente ligadas aos esportes e atividades físicas, pode ser estimulante e bastante positiva. Entretanto, o segredo está na preparação psicológica caso a criança perca. “Competições como as do The voice kids são entendidas como saudáveis, pois estimulam a determinação e acabam expondo que nem sempre a criança irá ganhar, mas ela deve persistir”, afirma o profissional, que ressalta que os realitys envolvendo crianças possuem profissionais qualificados por trás e que o ambiente é controlado e realizado para estimular alegria e competição de maneira natural.
No entanto, com a ruptura da expectativa positiva, podem vir os danos negativamente significativos, especialmente, quando não há o preparo psicológico prévio, ou seja, quando não se promove a preparação da derrota. “A frustração pode acabar provocando transtornos de ansiedade, manifestações depressivas (não necessariamente a depressão), déficit no aparelho cognitivo, além de uma redução no desempenho escolar. A criança pode acabar se isolando e guardando suas mágoas”, pontua o psicólogo.
Repercussão nas redes sociais
Após algumas críticas nas redes sociais, na tarde desta terça-feira (7/10), Bel Sant'Anna trancou o perfil do Twitter. O Correio entrou em contato com a Rede Globo, emissora responsável pelo programa, mas até o fechamento desta matéria não teve retorno. O espaço permanece aberto para manifestação.
relato muito importante que mostra os bastidores do programa
— ana (@anacaolima) October 6, 2020
tudo que nós não vemos, está aqui de maneira clara e não querendo destruir com a imagem do programa https://t.co/8PdouBobt6
essa bel sant'anna falando mal do the voice kids, mano, a pessoa quer ir pra um reality, sem ter estrutura nenhuma. como alguém se submete a participar de uma competição, se não tem maturidade pra saber que pode perder? é óbvio que vão existir crianças melhores, crianças piores
— manu (@eilishdarkness) October 6, 2020
As crianças menores não sabem né, claro que é responsabilidade dos pais. Mas uma criança de 10 anos não tem capacidade cognitiva de compreender tamanha exposição. Uma criança de 13 até entende se os pais conversarem. Mas o modo que a Globo leva o The Voice beira o criminoso
— Nicha (@nichelecomn) October 6, 2020
Resumo da Thread, jovem da Geração Z que não foi preparada para lidar com frustração.
— Glauce (@marotamor) October 6, 2020
Tese corroborada com a resposta de outros ex participantes.
É compreensível a necessidade de apoio psicológico, porém, mais por culpa de seus pais que do programa. https://t.co/7WAyQTGuBq
Nem the voice, nem aqueles programas bizarros de pequenas misses. Criança saudável e pra brincar com pé sujo e correndo pela casa sem grandes COBRANÇAS. https://t.co/EdKFC70cvZ
— paulinhabraun (@PaulinhaBraun) October 6, 2020
*Estagiária sob a supervisão de Roberta Pinheiro
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