Música

Experiência de morar fora de Brasília inspira disco de Gustavo Bertoni

O integrante da banda Scalene lançou o terceiro álbum solo, intitulado 'The fine line between loneliness and solitude'

Morando em São Paulo desde o ano passado e com memórias afetivas de Brasília (cidade de origem), Gustavo Bertoni faz uma reflexão sobre a solidão em meio à intensidade urbana no terceiro álbum da carreira solo, chamado The fine line between loneliness and solitude. "Brasília sempre foi familiar e de infância”, reflete Gustavo Bertoni ao pensar sobre os estímulos da capital paulista, onde “se sente mais um nesta selva".

Lançado em 7 de agosto de 2020, a obra, que tem nove faixas (todas em inglês), parte de um diálogo do artista com ele mesmo durante 2019. O material foi produzido entre Berlim, na Alemanha, e a cidade metropolitana paulista, com produção de Lucas Mayer. A presença do produtor musical proporcionou um ambiente com instrumentos, captações, equipamentos e sonoridades que se aproximavam do vintage, além de quesitos técnicos diferentes para o artista.

Excesso de estímulos, intervenções e poluição, todas essas características mais urbanas são refletidas no disco de Gustavo Bertoni. Por gravar demos das canções em casa, os sons externos tornaram-se familiares ao artista, que começou a ver aquilo "como textura e não como barulho”. Para ele, os ruídos naturais trazem uma sensação de espaço e presença.

Experimentos de Gustavo Bertoni

O músico diz não se encaixar em apenas um único gênero, ele define o material The fine line between loneliness and solitude uma mistura entre folk urbano e art pop. A intenção do artista foi de se aproximar da realidade em que vive e, por isso, colocar o imaginário comum do folk, mais voltado para natureza e com paisagens bucólicas, em um aspecto mais urbano.

No meio de experimentações entre gêneros musicais com diversas ambiências, ruídos, texturas e sintetizadores, o álbum retrata uma época na vida de Gustavo Bertoni, acompanhada por sentimentos passageiros, que não deixam de ser profundos. "Mais do que qualquer um que já lancei, não mudaria absolutamente nada no disco", revela o artista, sobre a obra que materializa emoções, certezas, solidão e solitude.

*Estagiária sob supervisão de Adriana Izel