O cenário era de destruição pós-2ª Guerra Mundial, envolvido pelo caos moral, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) e líderes nacionais assinaram o documento que estabelece o direito universal dos seres humanos. Criada este ano, a versão ilustrada da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é lançada pela agência Chiaroscuro Studios representando visualmente os 30 artigos do documento oficial, em inglês e em português, e está à venda, exclusivamente no Catarse, com tiragem limitada, até 19 de outubro.
Ilustração coletiva
O produto é resultado do trabalho de mais de 60 artistas do Brasil, de Portugal, dos Estados Unidos e da Turquia, incluindo os quadrinistas de Superman, Ivan Reis, do Aquaman, Robson Rocha, da Arlequina, Adriana Melo e de Vingadores, Mike Deodato. Em um total de 120 páginas, com 50 ilustrações, o livro retrata a necessidade de proteger os direitos humanos, principalmente, no presente que se encontra com fortes índices de desigualdade social.
Ao Correio, Ivan Costa, um dos curadores do projeto ao lado de Joe Prado, revela que a ideia de buscar vários artistas para a produção foi para trazer maior representatividade com diferentes visões, com uma melhor tradução artística. “Pedimos para que cada artista dissesse com qual artigo se identificava mais, para poder ilustrá-lo”, conta.
Responsável pela ilustração da capa do livro, PJ Kaiowá compartilha o desafio encontrado de elaborar uma arte que representasse a diversidade contemplada pelos artigos do documento. O mundo, simbólico por abrigar todos os modos de ser humano, aparece nas mãos de uma menina, acompanhada por pessoas de diferentes etnias, sexualidades, raças, crenças, nacionalidades, gêneros e gerações.
Significado atual
Há quatro anos, a Chiaroscuro Studios, que representa mais de 60 quadrinistas, lançou uma edição ilustrada pelos artistas, com a intenção de exercitar a criatividade deles, começando com Chiaroscuro Studios Yearbook, em 2016, Dias de horror, de 2017, Lendas, de 2018, e Grande almanaque dos super-heróis brasileiros, em 2019. Na edição de 2020, do DUDH, todo valor arrecadado, fora dos custos de produção, será doado para ONGs e instituições brasileiras.
Apesar de ter sido criado em 1948, o documento não envelhece com o tempo. Torná-lo acessível, por meio da arte, é trazer discussões sobre os direitos humanos em cenários, por exemplo, de desigualdades, de pandemia na saúde e de índices de analfabetismo, como coloca Ivan Costa, ressaltando o aspecto central da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de união. “Por causa da polarização, tudo se torna verdade”, acrescenta o ilustrador PJ Kaiowá sobre o momento de divisões políticas e a chance que o livro ilustrado tem de relembrar direitos da humanidade.
*Estagiária sob a supervisão de Roberta Pinheiro