Obituário

'Imortalizado pelo talento, carisma e luta', diz Babu sobre Gerson King

Considerado o rei do soul no Brasil, o artista morreu em decorrência de uma infecção generalizada somada a complicações causadas pela diabetes

Pedro Ibarra*
postado em 24/09/2020 08:19 / atualizado em 24/09/2020 09:41
 (crédito: David Obadia/Divulgação)
(crédito: David Obadia/Divulgação)

O movimento funk e soul brasileiro perdeu um dos nomes mais lendários. O cantor Gerson King Combo morreu, aos 76 anos, na noite da última terça-feira. A morte aconteceu em decorrência de uma infecção generalizada somada a complicações causadas pela diabetes. Ele foi internado no Posto de Assistência Médica de Irajá, no Rio de Janeiro.

O cantor estava em atividade fazendo apresentações, inclusive durante os tempos de distanciamento e isolamento social. Ele passou mal na semana passada e foi internado, chegando a cancelar a participação no Caxias Music Festival. No entanto, segundo a própria produção, recebeu alta. Gerson procurou auxílio médico novamente na última terça.

Carreira e relevância

“Infelizmente, essa lenda nos deixou, mas o legado é imortalizado pelo talento, carisma e luta, além da contribuição pela cultura preta. King vive em nós”, comenta Babu Santana em declaração ao Correio. O ator teve um momento durante o reality show Big Brother Brasil em que cantou e dançou músicas de Gerson King Combo em uma das festas com live do músico. “King Combo marcou a minha vida e as músicas me emocionam sempre. Quando o vi cantar no BBB, arrepiou na alma”, completa Babu.



Gerson King Combo é pioneiro do soul no Brasil, mas começou na Jovem Guarda por causa do irmão Getúlio Côrtes, compositor da música Negro gato, interpretada por Roberto Carlos e Luiz Melodia. Na época Gerson usava o sobrenome Cortês e fez parte de bandas de sucesso, como The Fevers e Renato e seu Blue Caps.

Contudo, foi no movimento black que o artista ganhou notoriedade. Uma onda da black music tomou o Brasil em meados dos anos 1970 e regida por ele, além de nomes incluindo Tim Maia, Hyldon e Sandra de Sá, fez muito sucesso. O primeiro álbum, homônimo, como Gerson King Combo veio em 1977. Porém, a ascensão do movimento musical disco atrapalhou a força do soul e do funk, e o sucesso de Gerson estagnou. A volta por cima veio nos anos 1990, quando em um novo momento de fama da black music, o cantor conseguiu retomar a carreira e os shows.


Muito querido no meio musical, a morte de Gerson King Combo repercutiu entre famosos, principalmente do movimento negro. O grupo Racionais MC’s e o rapper Rashid postaram mensagens nas redes sociais. Outras celebridades, como Serjão Loroza, Hélio de La Penha, Buchecha e a dupla de grafiteiros Os Gêmeos.


“Ele é o nosso James Brown, a história viva do soul. Ele nos deixou assim como a música dele fala ‘O rei morreu’”, lamenta Dj Chokolaty. O músico de Brasília teve uma longa amizade com Gerson King Combo e a distância nunca atrapalhou. “Fico muito feliz de ter sido amigo e parceiro de eventos dele. Gerson King Combo nos deixa saudades”, reflete.

Para o Dj Chokolaty, King Combo representa muito para história da música negra brasileira, mas também pessoalmente para todos nela envolvidos. “Ele é deixou um legado, é nosso padrinho, pai, irmão, nossa música”, ressalta o artista. “O James Brown do Brasil se foi, então uma raiz para muitas pessoas, artistas e Djs se foi”, complementa.

*Estagiário sob a supervisão de Igor Silveira

 

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