O segmento do pagode é majoritariamente dominado por homens. Neste ano, no entanto, a cantora Ludmilla, conhecida pelo trabalho no funk, deu o primeiro passo para tentar derrubar essa barreira de vez. Ela lançou o EP Numanice, apenas com faixas cantadas no estilo musical. No disco de seis canções, Lud conseguiu se projetar e também dar espaço para outra mulher tentar brilhar no ritmo: a também carioca Marvvila, de apenas 21 anos.
Logo após o lançamento da parceria Não é por maldade, a novata conseguiu um contrato com uma gravadora e no início desde mês divulgou o primeiro trabalho solo: o single Dizendo por dizer. “Já adorava o trabalho da Ludmilla, me inspirava muito na força e no jeito dela de cantar. Depois que a conhecei fiquei mais fã ainda. Ela foi muito generosa comigo em me dar esse espaço. Tudo que está acontecendo depois dessa participação é um sonho realizado”, conta a artista em entrevista ao Correio.
Em plataformas digitais como o YouTube, a faixa tem mais de um milhão de visualizações em menos de 15 dias. A canção é de autoria do amigo da cantora, o compositor Brunno Gabryel, mais conhecido como BG, que, segundo ela, soube captar um olhar sensível de uma história de amor mal resolvida. “O que tá tirando o seu sono/ Com certeza não é insônia não/ Sou eu que tô fazendo um barulho/ Dentro do seu coração/ O nome disso é saudade/ Sobrenome é solidão”, canta ela em trecho da faixa.
A artista conta que com esse primeiro trabalho autoral pretende impulsionar outras mulheres no pagode. “O projeto está com a cara que eu sempre sonhei ter para a minha carreira, com delicadeza e força. Quero servir de inspiração para mulheres que sempre quiseram cantar pagode, mas tiveram algum tipo de preocupação por ser um gênero muito masculino”, explica.
Trajetória
Antes disso, Marvvila chegou a ter uma certa projeção quando participou do The voice Brasil em 2017. No entanto, foi o impulso da parceria com Ludmilla que, de fato, a colocou nos holofotes. Mas ela diz que a experiência no reality show a fez pensar na música como carreira: “O The voice me deu a oportunidade de olhar a música como profissão. As pessoas começaram a me ouvir, a me respeitar mais. Meus vídeos cantando começaram a viralizar depois disso.”
O início da pagodeira na música foi na infância. Com apenas 5 anos ela cantava no coral da igreja. No colégio, tinha aula de música e dedilhava canções no cavaquinho. “Foi nessa época, em 2013, que comecei a me aventurar mais pelo pagode”, lembra.
Ela explica que começou a cantar pagode inspirada em Ferrugem. “Aquilo bateu em mim de uma maneira muito forte. Passei a interpretar, então, músicas dele”, afirma. Mas na prateleira de inspirações, nomes femininos: Alcione e outras mulheres do samba, como Beth Carvalho, Jovelina Pérola Negra e Dona Ivone Lara, além da sertaneja Marília Mendonça. “Quero levar essa força feminina. Quero arrastar mulheres a se sentirem encorajadas para cantar esse gênero. Precisamos ocupar esse espaço também, assim como nós já ocupamos no sertanejo”, completa.
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