Assim que a quarentena foi decretada por causa da pandemia da covid-19, Fernanda Montenegro e Fernanda Torres resolveram passar o período em família em um sítio na serra. Elas ficaram quatro meses juntas, na companhia ainda do marido de Torres, o diretor Andrucha Waddington, o enteado dela, Pedro Waddington, e o filho do casal, Joaquim Waddington.
Essa reunião de uma família, que quase completa um set pelas habilidades, só poderia dar em projeto artístico. “Mamãe é uma workaholic. Andrucha também. A mamãe e ele têm uma ligação muito grande com o trabalho e eles ficavam pensando: “O que nós vamos fazer aqui? Temos que arrumar alguma coisa para fazer”. Eu estava com outras preocupações. Mas os dois projetavam algo todos os dias. Até que conseguiram”, lembra Fernanda Torres.
O resultado desse encontro pode ser visto hoje com a estreia da série Amor e sorte, de Jorge Furtado, na Globo, após Fina estampa. A produção de quatro episódios traz histórias de amor que têm a pandemia como contexto. Completam a temporada capítulos com Taís Araújo e Lázaro Ramos; Luisa Arraes e Caio Blat; e Emilio Dantas e Fabíula Nascimento. O capítulo das Fernandas foi escrito por Furtado, Torres e ainda Antonio Prata e Chico Mattoso, e é o único que não retrata a jornada de um casal.
Essa não é a primeira parceria de mãe e filha — elas atuaram juntas anteriormente em projetos como The Flash and crash day, Casa de areia e Gaivota —, mas é a primeira de forma tão intensa. “Viramos parceiras em The Flash e, de vez em quando, a gente volta essa parceria. Mas não tem essa coisa de mãe e filha. Quando você trabalha, você vive aquilo profundamente. Aquelas pessoas viram sua família. Então não é muito diferente da minha relação com (a atriz) Andrea Horta. Você cria essa família de profissão”, comenta Torres.
O que é reforçado por Montenegro: “Ouso dizer que, pelo menos no que me cabe, se estou interpretando uma personagem como atriz, é minha filha, ou não é, não levo esse sentimento comigo de maternidade. Somos atrizes capazes arriscando mais um trabalho, buscando o melhor que se pode dar. Não estou ali em função de suplantar a filha. Isso é uma deformação que muitas vezes botam em volta da nossa profissão”.
Na série, elas vivem Gilda e Lúcia, mãe e filha que se reúnem de forma forçada na quarentena. Completamente diferentes, elas acabam usando o tempo para resolver os conflitos. No caso das atrizes, serviu para se reconectarem após anos sem viverem juntas debaixo do mesmo teto. “A gente cria os filhos para uma hora irem para as vidas deles, tomarem seus rumos, formarem um novo núcleo. Nós nos reunimos novamente e nos integramos novamente. Nos encontramos de uma forma muito amorosa, essencial e humana. Tem um pouco da nossa feitura nesse programa. Saímos mais completos, mais experimentados diante da vida e da sobrevivência desse momento”, classifica Fernanda Montenegro.
A matriarca, inclusive, creditou essa mudança ao contato também com a natureza. “Eu me lembro quando a gente estava lendo o texto, a mamãe dizendo que era muito importante que a natureza mudasse as personagens. Porque ela sabia que era algo que tinha acontecido conosco. Você chega com toda a ansiedade do mundo e a natureza te acalma. Isso também está lá (na série). É um pedaço da gente nessa coisa, da nossa intimidade. Elas (Gilda e Lúcia) mudam na hora que param de brigar com a natureza e a usufruem. Foi uma coisa que aconteceu com a gente. Por isso esse especial também é uma homenagem a esse momento que a gente viveu”, avalia Torres.
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