Há quase dois meses, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, publicou um decreto permitindo a reabertura dos museus da cidade. Fechados desde março, os espaços culturais, contudo, só devem reabrir na próxima semana, de acordo com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec). O motivo da espera envolve, entre algumas burocracias, o cuidado com a segurança dos visitantes e dos funcionários.
Em entrevista ao Correio, o secretário de cultura, Bartolomeu Rodrigues, detalhou que a pasta realizou os pedidos para compra de álcool em gel e outros materiais de higiene para a retomada das atividades. “Nossos museus oferecem as condições de segurança que são exigidas. Estamos realizando as compras dos materiais que fornecem segurança aos servidores e aos visitantes. Temos algumas dificuldades para a compra, devido, acredito, à alta demanda desses materiais”, afirmou Rodrigues. Em junho, a pasta chegou a falar em retomada das atividades. Contudo, a espera foi maior do que o planejado.
Rodrigues pontuou que espaços como o Cine Brasília estão fora da lista de reabertura. Apenas equipamentos culturais como o Catetinho, o Museu Nacional da República e o Museu Vivo da Memória Candanga serão reativados por oferecerem espaços amplos e, em alguns casos, abertos, ao ar livre. “São ambientes com boa ventilação e controle de pessoas, além de amplos, atendendo a todos os requisitos de segurança. Também seguimos os protocolos da rede mundial de museus. Tão logo tenha essas compras resolvidas, os espaços serão prontamente colocados como uma opção para a sociedade”, esclareceu.
A previsão da pasta é de que a portaria, com o detalhamento do protocolo de reabertura, saia na semana que vem. Segundo Rodrigues, além do uso obrigatório de máscara de proteção, será feita a aferição da temperatura dos visitantes, haverá um limite tanto da quantidade de pessoas no espaço quanto do tempo de permanência e será exigido o distanciamento social para evitar aglomerações. A fiscalização das regras para uso dos museus e outros equipamentos culturais será de responsabilidade dos servidores e funcionários do espaço. Lembrando que, de acordo com decreto do chefe do executivo local, os espaços só podem funcionar das 9h às 17h e está proibido qualquer tipo de evento nas dependências que provoque aglomerações.
Um dos principais museus da cidade e que permaneceu ativo nas redes sociais apesar da pandemia, o Museu Nacional da República informou que está alinhado com os protocolos de todos os outros equipamentos culturais administrados pela secretaria, que está sendo elaborado pela Subsecretaria do Patrimônio Cultural (SUPAC). A proposta é reabrir os espaços expositivos com adequações no horário de visitação e limite no número de visitantes - uma pessoa para cada nove metros quadrados. As três exposições que foram interrompidas quando do fechamento dos equipamentos culturais, dos artistas Aurelino dos Santos, Melvin Edwards e Josafá Neves, permanecerão por mais um mês para visitação. Em seguida, a equipe curatorial prepara uma exibição de parte do acervo da instituição e também uma coletânea de quadros chamada Os sertões.
Outra mudança é que não haverão encontros presenciais, como a visita mediada. No entanto, a equipe do museu está elaborando estratégias de atendimento ao público por meio de uma plataforma digital, com áudio guia. Vale lembrar que de 2018 para 2019, o Museu Nacional da república registrou um aumento significativo no número de visitantes. Entre fevereiro e julho do ano passado, 463 pessoas passaram pelo local, enquanto que, em 2018, foram 246 mil.
Reparos
Ainda de acordo com o secretário de cultura, durante o período da quarentena, a pasta buscou cuidar dos equipamentos culturais para que a cidade não ficasse com a sensação de abandono. "Não deixamos que o período de confinamento se transformasse em paralisia das atividades. Brasília possui o maior sítio tombado, é reconhecida como patrimônio cultural da humanidade e merece esse cuidado. Não podemos deixar abandonado. Esse é o caminho para a degradação", explicou. Sendo assim, equipes realizaram uma espécie de varredura nos espaços para supervisionar e fazer os devidos reparos. Ao todo, a ação beneficiou dez equipamentos e o Espaço Oscar Niemeyer teve o maior volume de obras.