A pernambucana Ademara Barros, de 24 anos, é uma jornalista e atriz que vem se tornando um fenômeno após seus vídeos de humor inteligente e personagens caricatos viralizarem nas redes sociais. Com figuras que retratam estereótipos populares — como o de "esquerdomacho", "repórter sudestina" e "intercambista de Dublin" —, a comunicadora levanta críticas, com humor e leveza, sobre diversos assuntos delicados.
Com mais de 117 mil seguidores no Instagram e 46 mil no TikTok, Ademara, natural de Igarassu (PE), usa a arte para jogar luz em temas como preconceito regional, supervalorização da Europa e feminismo. E, assim como Kaique Brito, Laura Seraphim e Esdras Saturino, Ademara faz parte de uma nova geração do humor brasileiro que foge do circuito da televisão e stand-up, criando conteúdos mais orgânicos a partir de ganchos do cotidiano.
A humorista ficou famosa após publicar um vídeo em que dubla o meme de Rayane Menezes, onde reclama sobre a prova do Enem. Ademara tem como maiores referências do humor Whindersson Nunes e Tatá Werneck, e trabalha para haja a quebra de estereótipos que homogenizam o Nordeste, além de procurar formas de revolucionar o humor e descaracterizar o "possível lugar para mulheres na comédia".
Como conta ao UOL TAB, ela se mudou repentinamente do Recife para o Rio de Janeiro, em busca de trabalho como jornalista. Durante os três meses em que estava empregada, Ademara diz ter ouvido todo tipo de comentário preconceituoso por ser nordestina. "Parece que naturalmente sou vista como um ser cômico por ser do Nordeste", conta ela, que completa: "Era um trabalho tenso, envolvia política, e assim que entrei a pessoa que me contratou deu o texto para mim, falando: 'Olha, eu sei que as pessoas do Nordeste são mais informais, mas você tem que entender que, para trabalhar com jornalismo no Rio, é preciso se comportar", relembra.
Personagens
Ao portal, a atriz relata que os personagens criados por ela partiram da curiosidade e de experiências pessoais. "Parece que naturalmente sou vista como um ser cômico por ser do Nordeste", afirma.
Nos vídeos curtos produzidos por Ademara para as redes sociais, é difícil não identificar as caricaturas no dia a dia. O "esquerdomacho" é um homem com aparência descolada, cabelos longos, que se diz "descontruído", mas que convida mulheres para fazer ensaios fotográficos de nu artístico “empoderado” e que as silencia constantemente, reproduzindo o machismo de forma velada.
Esquerdomacho #Parte2
— Ademara (@ademaravilha) August 2, 2020
Gosta de poesia? Bukowski? pic.twitter.com/4RcJQN7Rdy
Já a caricatura da "intercambista de Dublin" mostra uma jovem que há 10 anos fez intercâmbio para a Irlanda e que passou a supervalorizar a Europa e menosprezar o Brasil.
A personagem mais recente, a jornalista Laura Tampurini, fala com sotaque paulistano e parece alheia a qualquer coisa que fuja do eixo Rio-São Paulo. Ao site, Ademara revelou que a inspiração para a criação da personagem foram suas próprias experiências como jornalista sofrendo preconceito no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde exerceu a profissão por alguns meses.
Laura Tampurini, a repórter sudestina, vai a Recife. pic.twitter.com/OGExWfpdRh
— Ademara (@ademaravilha) August 9, 2020
Invasão das redes sociais
Na noite desta última sexta-feira (21/8), Ademara teve as redes sociais hackeadas. Após a invasão, os hackers excluíram as contas da jornalista no Twitter e no Instagram, onde soma mais de 185 mil seguidores.
Ademaravilha, como é conhecida na internet, entrou em contato com o suporte das plataformas e, após o apoio dos internautas, conseguiu recuperá-las no dia seguinte.
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