O Brasil é o país do esporte e da música. Portanto, um projeto que misture os dois pode conquistar o coração do público nacional. Com essa intenção, surgiu o álbum Senna driven, uma obra que une DJs do mundo inteiro para homenagear uma das maiores estrelas da história da Fórmula 1 e do esporte brasileiro por meio da música eletrônica.
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O projeto uniu 33 dos maiores nomes da música eletrônica. Entre os brasileiros estão nomes, como Alok, Bruno Martini, Cat Dealers, Maz e Antdot e Vintage Culture. Já os estrangeiros são encabeçados por Armin Van Buuren, Meduza e Nicky Romero. Eles foram convidados em uma ação conjunta da Bulldozer, Universal Music e a Marca Senna.
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A ideia era promover uma união da música com frases e ensinamentos importantes que Senna deixou durante a vida em entrevistas e gravações. Os trechos foram escolhidos de vários pontos da carreira do piloto, desde os tempos de kart até os últimos dias de vida. Os DJs tinham o trabalho de unir a frase e trazer o sentimento por meio da música que a acompanharia.
O idealizador foi Claudio Mattos, um fã de música eletrônica e Fórmula 1 que encontrou uma convergência estranha entre Senna e música eletrônica. Ao andar pelo famoso festival Tomorrowland, ele percebeu muitos dos fãs de eletrônica usando camisetas e bonés de Ayrton Senna. Após algumas pesquisas, não conseguiu encontrar o motivo, mas se viu diante da ideia de unir esses dois mundos em um projeto só. "Percebi que não tinha muita coisa que ligava o Senna à música, mas dentro do escopo da Fórmula 1, a música eletrônica era presente. Isso se tornou uma oportunidade", conta Claudio Mattos em entrevista ao Correio.
O próximo passo era conseguir tirar a ideia do papel. Afinal, para que fosse possível era necessária a boa vontade de selos, empresários, gravadoras, editoras e, mais importante, os próprios DJs. Um projeto como esses demanda muito mais do que só o tempo para fazer as músicas. "Foi bonito ver um espírito de colaboração entre todos. A ideia era de que estávamos fazendo isso para o Senna", conta Edo Van Duyn, diretor criativo da Bulldozer. Ele recorda que todos os envolvidos fizeram um esforço para que se tornasse viável o projeto, mas que, ainda assim, foi difícil. "Um dos projetos mais desafiadores da minha vida", destaca.
Porém, o carinho pela figura do Senna foi maior do que os desafios do percurso. Esse fato ajudou a colocar mais pessoas a bordo. "O bacana desse projeto é que todo mundo que abraçou, fez porque tem uma conexão muito forte com o Senna", afirma Edo. "Ninguém está no álbum porque o empresário falou que era legal ou porque a gravadora mandou. Todos pularam na oportunidade", complementa.
Independentemente do país de origem do DJ, ele tinha uma lembrança ou uma história que envolvia o piloto importante o suficiente para querer fazer parte do álbum. "A gente pode ver a reação e o carinho que todo mundo que está no projeto tem pelo Senna e pela história dele. O bonito de tudo isso é que para cada uma das pessoas que participaram o Senna representa algo diferente", diz o diretor criativo da Bulldozer. "O nosso plano inicial com a equipe do Senna e a Universal Music era lançar um álbum de 10 faixas e chegamos a 21 músicas. É um projeto que evoluiu e tomou vida própria ", relata.
Assim, é possível traçar um paralelo entre Senna e a música eletrônica. "A música eletrônica tem sempre o intuito de unir as pessoas emocionalmente e o Senna era um ícone que fazia isso, unia as pessoas para assistir e torcer para ele", reflete Mattos, que traz o disco como a epítome desse raciocínio. "Esse álbum traz vários artistas juntos para celebrar um ídolo e traz vários ídolos para unir as pessoas por meio da música eletrônica", analisa.
Para Mattos, usar as frases motivacionais de Senna faz todo sentido, porque permite que os valores do esportista ultrapassem a barreira das conquistas e cheguem ao lado humano. "O que ele falava há 30 anos ainda faz muito sentido hoje em dia. Os valores que tinha e o que ele transmitia ainda são muito presentes na nossa sociedade", pondera. "Queremos celebrar o legado da pessoa do Senna, não estamos falando sobre o atleta e, sim, dos valores, daquilo que ele acreditava, da inspiração que ele era. Isso é atemporal. No mundo que a gente vive, precisamos de exemplos como ele", completa Edo.
No final, o álbum quer trazer de volta uma sensação que parecia única com Senna. A de que o mundo pode se unir e correr em uma só direção, independente das curvas e obstáculos do percurso. "O Senna, mais de 30 anos depois, continua unindo as pessoas. Agora, pela música", exalta o idealizador.