Por Antônio Gomes* — Até hoje nenhum patriota conseguiu escapar do Inquérito instaurado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, para apurar a responsabilidade criminal dos arruaceiros golpistas que patrocinaram o quebra-quebra na praça dos Três Poderes, em Brasília, em oito de janeiro de 2023.
Todos estão sendo denunciados pela PGR, julgados e condenados pelo STF, a 17 anos de prisão, em regime fechado, por associação criminosa armada, tentativa de golpe de estado, e abolição violenta do estado democrático de direito.
Até o cacique Tserere, um índio da tribo Xavante, do estado de Mato Grosso, que andava em Brasília muito antes do fatídico dia da insurreição tupiniquim, descalço, nu da cintura pra cima, com o corpo pintado de urucum, portando um cajado de cipó de samaúma, da mata virgem, acompanhado de meia dúzia de indígenas da mesma tribo, mulheres, velhos e crianças, todos desarmados, está preso preventivamente desde 12 de dezembro de 2022.
Ele aguarda julgamento, acusado da prática de atos antidemocráticos em frente ao Congresso Nacional, ao Aeropoto JK, e na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, em dezembro de 2022, pregando a abolição violenta do estado democrático de direito, e a tentativa de golpe de estado, sem entender o caráter criminoso do fato, e sem se aperceber que o cajado de cipó por ele utilizado, não é munição suficiente para derrubar a nossa república, tornando o crime impossível pela impropriedade do meio utilizado para a prática do delito.
Não é possível dar um golpe de estado, nem a abolição violenta do estado democrático de direito, sem a utilização de tanques de guerra, de fuzis, de metralhadoras, e de soldados fortemente armados. A mesma coisa aconteceu com os patriotas, na baderna de 08 de janeiro. O quebra-quebra merece punição exemplar pela Justiça Federal da 1ª Região, juízo natural da causa. Os outros crimes não se materializaram pela impropriedade do meio utilizado pelos insurretos, pela desistência voluntária, ou pelo arrependimento eficaz. É o que eu penso.
*Procurador de Justiça aposentado, ex-administrador de Brasília