Foi um período de vitórias para o advogado Délio Lins e Silva Júnior. Eleito presidente da Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF) em 2018, foi reeleito em 2021 e neste ano ajudou a emplacar o sucessor, Paulo Maurício Siqueira, o Poli, para o triênio 2025 — 2027, além de conquistar um mandato de conselheiro federal da entidade.
Enfrentou, na condição de presidente da OAB-DF, duas crises graves no país que tiveram reflexoS não só na vida dos advogados, como de todos os cidadãos: a pandemia da covid-19 — que fechou tribunais, mudou a forma de trabalho e ainda tirou vidas — e o 8 de janeiro de 2023, um momento de depredação e ameaça aos poderes da República.
Délio diz que muito foi feito pela OAB-DF para ajudar a advocacia, mas aponta como principal ação de seu mandato em defesa da cidade o engajamento na campanha pela manutenção dos recursos do Fundo Constitucional do Distrito Federal. Uma luta vencida, porém permanente. Duas marcas que considera ter deixado para os advogados são inovação e inclusão. No Conselho Federal, Délio agora colaborar com a gestão de Poli, que inicia em primeiro de janeiro uma continuidade, como estilo próprio, de sua gestão.
Depois de seis anos de mandato, pode dizer qual marca você deixa na vida dos advogados de Brasília?
As palavras-chave creio que são inclusão e inovação. Tivemos conquistas significativas, entre elas a paridade entre homens e mulheres, a adoção de cotas raciais, a ampliação da participação das Subseções, a digitalização da Casa e a defesa intransigente das prerrogativas. Creio que nos irmanamos muito e isso fica. Deixa um legado com avanços concretos e um sentimento de união.
Qual foi o momento mais difícil?
Dois momentos foram extremamente difíceis para nós, em seis anos, as crises da pandemia da covid-19 e a do 8 de janeiro. Porém são inigualáveis. E distingo a crise da pandemia como a mais dolorida porque perdemos muitas pessoas queridas. Não tem volta. Tivemos de chorar as mortes e seguir trabalhando, apesar da dor.
Como foi a sua relação com o governador Ibaneis Rocha, chefe do Executivo, mas adversário em disputas da Ordem?
Temos uma relação cordial como líderes de duas instituições, como deve ser. Somos parceiros dos bons projetos e críticos daquilo que não consideramos adequado. É o que a sociedade e a advocacia esperam de nós.
Qual foi a principal medida da OAB-DF em defesa do cidadão em sua gestão?
Tivemos muitas. Trabalhamos em diversas áreas: defesa de direitos de crianças, adolescentes, juventude, pessoas com deficiência, combate ao racismo, fortalecimento das mulheres, saúde e educação pública de qualidade. Porém, eu quero destacar a luta pela preservação do Fundo Constitucional do DF, porque foi a mais significativa em manter nossa estrutura socioeconômica e independência política. Seguimos atuantes nela.
Acha que houve equilíbrio em sua gestão?
Sim. Proporcionado pela ampla inclusão de pessoas de diferentes origens, nas mais distintas localidades e em diferentes estágios profissionais: iniciantes, gente com mais estrada e os decanos, foi esse caldeirão que nos deu equilíbrio.
As mulheres tiveram espaço?
Totalmente, em todos os momentos, desde que entramos, nas duas gestões, com a representatividade em 50% nos espaços de poder e decisão; na valorização da mulher advogada. E seguiremos assim: ano que vem teremos a Diretoria da Mulher, mais um grande avanço. A Ordem vem dando exemplo à sociedade na pauta da igualdade entre homens e mulheres.
O que faltou fazer?
Acredito que fizemos muito, mas sempre há o que fazer porque temos, cotidianamente, a missão de assegurar as prerrogativas da advocacia, que representam também a defesa da cidadania. Não acaba. É preciso se aperfeiçoar, continuamente. E faremos isso.
Acredita que a vitória de Paulo Maurício Siqueira, o Poli, na sua sucessão é uma continuidade do seu trabalho?
Pela primeira vez nossa geração viu um grupo de situação ser eleito três vezes consecutivas pela advocacia. Claro que isso não quer dizer que está tudo resolvido, ainda há muito a fazer, mas quer dizer que a advocacia quer avançar por esse caminho, de inclusão, de descentralização, de eficiência em serviços e austeridade na gestão. O Paulo Maurício compartilha dessa visão comigo, claro, mas também vai adicionar características novas, que são dele. Em resumo: o caminho é para a frente, mas veremos sim uma nova gestão.
Foi uma eleição extremamente disputada. O que fez a maioria dos advogados votarem no Poli?
Trabalho. A advocacia reconhece o que foi feito pelo grupo, nas duas gestões, sabe que melhoramos as condições do acesso à Ordem, tiramos a Casa da condição de analógica e levamos a ser totalmente digital, fomos presentes, como nunca, na defesa das prerrogativas, e realizamos uma campanha limpa. Poli se apresentou como o mais bem-preparado para seguir a gestão. Como eu disse antes, foi uma escolha pelo que tem dado certo. A advocacia só aceita andar para a frente.
Quais são seus planos agora como conselheiro federal?
Estarei lado a lado com a gestão do Poli, defendendo os interesses da advocacia local, e nas questões do Distrito Federal em prol da população. Na Ordem, representarei os projetos relevantes para nós e para o país.
Sonha em ser presidente do Conselho Federal da OAB?
Sou conselheiro federal pelo Distrito Federal, um desafio imenso. Neste momento, só penso em colaborar para que o nosso Conselho seja, como é, um apoio e um orgulho para a nossa carreira.
Mauricio Corrêa e Ibaneis Rocha deixaram a presidência da OAB-DF e entraram na política. Você se vê como parlamentar ou gestor do Executivo algum dia?
Eu me vejo, neste momento, como conselheiro federal, representando nossa Seccional e fazendo o melhor que puder todos os dias. Quando presidente, me vi como presidente. É uma característica minha: cada coisa a seu tempo. Você só consegue realizar se está focado no presente.
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