Brasília sentiu a perda de Juliano Costa Couto. O advogado que tinha o sorriso estampado no rosto partiu no último domingo, aos 49 anos. "Cedo demais", disse o governador Ibaneis Rocha (MDB), amigo e integrante do mesmo grupo de Juliano nas disputas pelo comando da OAB-DF.
Juliano venceu as eleições para a presidência da OAB-DF em 2015, com apoio de Ibaneis, que tinha poder econômico e votos porque havia sido presidente e vice-presidente da entidade. Mas, aos poucos, Juliano foi conquistando brilho próprio, sem se distanciar do aliado.
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Como Ibaneis que migrou para a política, Juliano recebeu incentivos para se candidatar a algum cargo público. O pai, Ronaldo Costa Couto, foi governador do DF por um mês, secretário de Planejamento do Rio e de Minas Gerais, ministro do governo Sarney e conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal. O exemplo da política estava em casa. Mas ele preferiu seguir na advocacia.
Pelo carisma, fez a própria história. No último ano do mandato na OAB-DF, ele descobriu um câncer no intestino. Submeteu-se a uma cirurgia e fez tratamento. Talvez por isso tenha preferido não disputar a reeleição. Ficou bem. Sentiu-se curado.
Dedicou-se ao escritório de advocacia, com forte atuação em direito administrativo, em Tribunais de Contas, e nas áreas de licitação, contratos e servidores, e levou o filho, Gustavo Costa Couto, para sua banca. Entre os clientes do escritório, o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do DF (Sindepo).
Em 2022, Juliano passou a desempenhar uma nova missão: assumiu o cargo de membro do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal.
Juliano nasceu no Rio de Janeiro, mas veio morar em Brasília aos quatro anos. Estudou no Santo Antônio e no Sigma. Fez amigos de adolescência que persistiram até o fim. Teve dois filhos, Gustavo, da uma relação anterior, e Manuela, do casamento atual com Aline, seu grande amor.
O governador Ibaneis Rocha decretou luto oficial de três dias. O presidente da OAB-DF, Délio Lins e Silva Júnior, também. Além de presidente entre 2016 e 2018, Juliano atuou na entidade desde 2007. Antes da presidência, foi secretário-geral adjunto, entre 2013 e 2015.
Em 2021, mergulhou na campanha da chapa liderada pela advogada Thaís Riedel. Deu a mão para ela e caminhou em busca de votos. Thaís não venceu Délio Lins e Silva Júnior, que concorreu à reeleição, mas a candidatura cresceu. "Um grande líder, exercia liderança de forma positiva, altiva, agregadora. Foi uma honra estar ao seu lado nas trincheiras da construção de uma advocacia independente e respeitada", afirmou Thaís.
O advogado formou-se pela UDF (1997), era mestre em direito constitucional e processo constitucional pelo IDP e pós-graduado em processo civil pelo ICAT-Master/AEUDF.
Do ministro Gilmar Mendes, presidente do IDP, veio uma das mensagens: "Presidente da OAB/DF entre 2016 e 2018, o advogado concluiu seu mestrado no IDP, tendo colaborado inúmeras vezes com o Instituto. Além da sua atuação na advocacia, Juliano dedicou-se também ao magistério, sendo reconhecido por sua competência e bom humor".
Bom humor, aliás, é um dos atributos que os amigos sempre citam para descrevê-lo. O advogado Ricardo Peres comentou: "Sua alegria era contagiante e seu talento como orador era indiscutível. Juntos, celebramos vitórias, como quando ele assumiu a presidência da OAB DF, e enfrentamos desafios, incluindo sobreviver a um incidente de avião".
Em janeiro de 2016, Ricardo, Juliano e Ibaneis tiveram um acidente quando pousavam em Campo Grande, para a posse da diretoria da OAB-MS. Os três viajavam no bimotor de Ricardo e o avião perdeu o trem de pouso e precisou descer de barriga na pista. Passado o susto, Juliano gravou um vídeo dizendo: "Que Deus continue a nos proteger".
Para o secretário-geral da OAB-DF, Paulo Maurício Braz Siqueira, Juliano era "apaixonado pela advocacia e pela OAB". E disse: "Suas maiores virtudes foram colecionar amigos e distribuir sorrisos por onde passava. Nos conhecíamos desde os tempos de centro acadêmico, sempre com admiração e respeito, independente de lados ou bandeiras", afirmou o advogado conhecido como Poli, que integrava o grupo adversário ao de Juliano.
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