Por Luis Carlos Alcoforado*
Um grupo de advogados se habituou a construir uma carreira vitoriosa, sob a forte influência do lobby. Do lobby predatório e desigual, haja vista que franqueado apenas a um dos interessados. A história do judiciário brasileiro é recheada de casos em que pululam as ocorrências em que a traficância ganhou destaque e venceu a batalha da imparcialidade.
Evidentemente, há uma desigualdade nas armas das partes em questões litigiosas. Muitas vezes, o jogo se desequilibra, menos pelo talento e mais pela influência política, econômica, familiar e social.
Se antes havia certa discrição nas condutas de afago aos juízes, hoje abriu-se, todavia, a fronteira da ostensividade, situação em decorrência da qual se reconhecem, com evidência, as fronteiras das influências dos advogados. Sabe-se de casos em que advogados fanfarrões simulavam conversas telefônicas, sob o fingimento de que, do outro lado da linha, estava o juiz da causa.
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Muitos venceram usando essa traquinagem, ao iludir clientes e ao vender juízes inculpes. Ocorre, no entanto, que nem tudo é passado, porque, hoje, a prevalecer o maquiavelismo das condutas antiéticas, certamente, serão recorrentes os casos em que a inteligência artificial prestar-se-á à representação, com todas as características de verossimilhança, a criar um juiz fruto do modelo da ilusão.
Enganam-se todos e, aos poucos, morre a réstia de justiça.
*Advogado