Tecnologia e Pessoas

Banana - Goiaba - Abacaxi

Estamos vivenciando um momento em que falta a perspectiva - que sempre nos protegeu do erro e nos levava a crer na verdade. Estamos no tempo da rejeição da verdade absoluta e que, por outro lado, aceita todas as opiniões como igualmente válidas. Essa cultura que crê em tudo porque A disse, B comentou nas redes, C ouviu dizer, já tem morada em nossa história. As mentiras que viraram verdades. Os desavisados, muitos por sinal, caem. Os que querem nos dividir e nos descolar da realidade se deleitam. Que falta nos faz o raciocínio critico, a leitura e a interpretação de um texto ou artigo. As 3 linhas de impacto e os resumos de notícias, reels e feeds nos contaminaram.

Não estamos em uma banca de frutas, tampouco vamos fazer algum tipo de “xepa” – aquele final de dia aonde tudo na feira sai pela metade do preço. O assunto é deveras complexo e vem recaindo sobre a nossa sociedade – não como uma luva, mas em um formato de melancia, daquelas bem pesadas que atiradas do alto de um prédio, ao tocar ao chão, faz estrago. Na cabeça de algum desavisado é morte certa.

E é disso que estamos tratando aqui no artigo. O sentido figurado desta salada de frutas.

Nossa sociedade vem sendo consumida pelo fenômeno das redes sociais que transformam e apequenam as pessoas. Desde os anos 90 com a chegada no Brasil do Orkut em sequência ao Facebook, os Millenials começaram a frequentar esses ambientes digitais e suas realidades paralelas. Primeiro com o sabor do novo, e da experiência de reencontros. Amizades, namoros, casamentos e flertes ficaram comuns por ali. Uma revolução dos meios de comunicação e base para uma tecnologia mais próspera – que, para além da internet discada fez esse movimento disparar – e tocar a mente e o fígado das pessoas trazendo o pior nesta relação.

Seguimos para a Geração Z e mais recentemente, a Alpha, para nascidos pós 2010. Retirando os Baby Boomers e a Geração X que tem sua certidão de nascimento até a década de 80 - pais e filhos com mais de 40 anos, encontramos todos os dias um volume de pessoas que literalmente usam as plataformas sociais, incluindo o WhatsApp – esse, mesmo que mais conversacional, trazendo de tudo um pouco e alimentando essas gerações de forma cada vez mais perigosa.

Estamos vivenciando um momento em que falta a perspectiva - que sempre nos protegeu do erro e nos levava a crer na verdade. Estamos no tempo da rejeição da verdade absoluta e que, por outro lado, aceita todas as opiniões como igualmente válidas. Essa cultura que crê em tudo porque A disse, B comentou nas redes, C ouviu dizer, já tem morada em nossa história. As mentiras que viraram verdades. Os desavisados, muitos por sinal, caem. Os que querem nos dividir e nos descolar da realidade se deleitam. Que falta nos faz o raciocínio critico, a leitura e a interpretação de um texto ou artigo. As 3 linhas de impacto e os resumos de notícias, reels e feeds nos contaminaram.

Segundo o psicoterapeuta Leo Fraiman, o emburrecimento de pais para com seus filhos deixando-os no comando, sem pulso e troca de conhecimentos, acaba por gerar um efeito dual. Pais bananas e filhos goiabas – sim, aqueles desinteressados do mundo e totalmente focados nesta perigosa realidade paralela. Passam horas do dia dedicados a desaprender nas redes e, com o aval dos pais, que preferem filhos em silencio do que o ato de serem líderes de verdade - ao menos dentro de suas casas, já causou estragos graves e quase impossíveis de serem revisitados em ao menos 2 gerações, além de impactar as outras duas que querem a inclusão e o pertencimento. O resultado está nas ruas, nas escolas, no trânsito, nas atitudes com o outro –pequenas e grandes respostas e interações que nos confrontam todos os dias.

Não precisamos ir muito longe neste estrago geral e agora visível. O recente escândalo das Bets. Primeiro o Governo Federal deixa o jogo online entrar em 2018 e passamos mais de 6(seis) anos sem qualquer tipo de regulamentação. Isso sem contar o período em que o jogo já se encontrava entremeado na cultura dos jovens que baixavam, de forma lúdica e sutil a balinha Candy Crush, as competições de luta, super violentas por sinal, os jogos de guerra e toda sorte de carteados. Qualquer semelhança com máquinas caça niqueis dos cassinos não é mera coincidência visto que o gratuito no início da jornada te leva ao vicio (assim como as drogas) e a compra de mais e mais vidas e acessórios. Isso é o início do VÍCIO. Pode parecer coincidência que tudo venha em ondas...mas não é. Em abril de 1946 um decreto havia proibido no Brasil o jogo de apostas ou jogo do azar como era conhecido por ser degradante para o ser humano. E continua sendo pois é manipulável e com raras exceções, quem vence é a banca.

Temos andado na contramão da velocidade das mudanças tecnológicas e suas consequências. Seja por falta de interesse, seja por má fé e interesses escusos mesmo. Depois de descasos, entre o início e a formalização dessas ondas do jogo pelo qual toda a sociedade vem sendo impactada - sem qualquer controle, os intrépidos governantes resolvem primeiro taxar – gerar um valor para que casas de apostas sejam legalizadas e a elas permitidas o fluxo nas redes sociais. Em paralelo os bilionários, fruto desta farra começam a ser investigados pelos órgãos de controle, judiciário e Polícia Federal. Políticos, policiais, a turma do bicho e toda sorte de interessados em ganhar bilhões com a fezinha dos cidadãos que querem fugir da dura realidade que assola o país ou mesmo já se encontram laçados pelo vicio dos jogos de azar estão na mira, torta por sinal, ou no mínimo letárgica do governo.

Sobre o abacaxi, acredito que você já tenha entendido que esse sobrou para todos nós que vivemos nessa salada de frutas chamada Brasil.

Um abraço

Leo Soltz

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