Justiça

A liderança de leões.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vestes, as leis, ordenamentos e sistemas de governo, mas ali estão os tiranos. Prontos para arquitetar suas mazelas e a tentativa de um poder soberano. Podem vir de uma casta dominante - que já se encontrava no poder e que deixa em suas gerações tais migrações ou ainda de assessores que com o passar dos anos e, como meritocracia por "serviços prestados", conseguem alçar um cargo que possa aglutinar influencia e poder. Ficam muitas das vezes nos bastidores esperando a hora certa, o momento propicio para um bote.

Como o passado continua vivo e rugindo como leão acuado. 

“Diga: “Que bela leoa entre os leões era a sua mãe! Deitada entre os leõezinhos, criou os seus filhotes. Criou um dos seus filhotinhos, que, ao se tornar um leãozinho, aprendeu a despedaçar a presa; chegou a devorar gente. Quando as nações ouviram falar dele, o apanharam na cova que fizeram, e ele foi levado com ganchos para a terra do Egito. Vendo frustrada e perdida a sua esperança, a leoa pegou outro dos seus filhotes e o fez leãozinho. Este, andando entre os leões, veio a ser um leãozinho e aprendeu a despedaçar a presa; chegou a devorar gente. Destruiu palácios e arrasou cidades. A terra e os seus moradores ficaram assustados, ao ouvirem o seu rugido. Então se ajuntaram contra ele os povos das províncias vizinhas. Estenderam sobre ele a rede, e ele foi apanhado na cova que fizeram. Com ganchos, meteram-no dentro de uma jaula e o levaram ao rei da Babilônia. Deixaram-no preso, para que nunca mais se ouvisse o seu rugido nos montes de Israel.” (Ezequiel 19:2-9 NAA)

No trecho acima abordamos metaforicamente sobre a queda e a derrota de líderes do antigo povo de Israel, representados pela figura de leões. A decepção e a frustração pelos fracassos desses líderes que, ao invés de liderarem com sabedoria e justiça, causaram destruição e sofrimento. A arrogância, a violência e a opressão levaram à queda e à punição. Essa passagem nos convida a refletir sobre a responsabilidade daqueles que ocupam posições de liderança, lembrando que o poder deve ser exercido com sabedoria, empatia e justiça. Em tempos aonde o poder de forma cíclica e histórica continua sendo constituído por tiranos, tempos em que parte da população entrou em uma arena para acompanhar o estraçalhar de iguais, tentando por algum motivo gerar dissociação – aplicando o conceito de joio e trigo quando na verdade seriamos todos parte de um mesmo alecrim campestre.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vestes, as leis, ordenamentos e sistemas de governo, mas ali estão os tiranos. Prontos para arquitetar suas mazelas e a tentativa de um poder soberano. Podem vir de uma casta dominante - que já se encontrava no poder e que deixa em suas gerações tais migrações ou ainda de assessores que com o passar dos anos e, como meritocracia por “serviços prestados”, conseguem alçar um cargo que possa aglutinar influencia e poder. Ficam muitas das vezes nos bastidores esperando a hora certa, o momento propicio para um bote.

O maior poder conquistado por um tirano vem da fragilidade e da vaidade com a qual seus pares ou mesmo superiores caminham. Se vale exatamente de tais prerrogativas para conquistar informações, para atender aos pequenos prazeres, ou mesmo os nababescos. Geram acordos espúrios e se movimentam nas sombras até terem o que precisam. Estes seres que nutrem grandes problemas de estima e fragilidade se fazem fortes na fraqueza da sociedade. Manipulam e convergem por práticas escusas. Passam a ter nas suas mãos provas de toda a sorte para com eles manter seu poder infame. E, se necessário, usam de tais documentos para coagir quem porventura queira deixar o jogo quando percebe que a brincadeira chegou ao limite do argumentável.

O leão não está para brincadeira. Uma fera solta que chega ao incontrolável destruindo a tudo e a todos que se apresentem como um oponente. Destilou seus inimigos, encurralou os que se opuseram as suas práticas, trouxe pequenos, porém, futuros déspotas como aliados e alimentou um exercito de bestas que apenas querem o leite e o mel nababesco. Sangue sugas que aceitam as exceções como parte do jogo. Do jogo deles.

Como uma sociedade pode se deixar levar por tantos absurdos sem se comover e se mobilizar? Essa pergunta chega com uma resposta dolorosa, mas verdadeira. A de que estamos debaixo do sol vivendo e convivendo em um mundo de expiações. O que nos alenta é que a tirania, ao menos nos movimentos bíblicos do Egito e de Herodes é passageira, diante da soberania e justiça de deus. Ele sempre defende os oprimidos e estabelece limites para o orgulho e a maldade dos tiranos.

A ver, cenas dos próximos capítulos.

Mais Lidas