Ao abrir diariamente nossas redes sociais – sejam quais forem, pois as preferencias e opções são muitas, nos deparamos com um exercito de pessoas tentando demonstrar suas vidas ativas e glamurosas. Tem gente que se pega malhando na academia com a famosa “boquinha” digna de um merchandising da grife Boca Rosa - uma bela dose de preenchimento labial sempre se faz presente. Idade para isso, não existe. 8/80. Outros intrépidos saem mostrando seus bíceps malhados, em perfeita harmonia com o volume de anabolizantes consumido e cenas épicas que dariam inveja ao time de 300 de Spartacus ou ainda ao personagem de Sylvester Stallone - Rocky Balboa, em seus tempos áureos. Sem ressalvas, todos com roupinha da moda, deixando claro todo o status daquilo que postam. Em alguns casos as hashtags (#) e arrobas (@) ficam explicitas para que não reste duvida de que são patrocinados por marcas, ou que gostam mesmo de “causar” marcando que os interessa. Esses são apenas alguns dos inúmeros exemplos que podemos listar. E você sabe disso. O caos está generalizado.
Nem comento das dancinhas...essas estão mais para o fim dos tempos.
Viagens = Postagens.
Restaurantes caros = postagens.
Carros luxuosos (mesmo com a conta bancaria sangrando em prestações infinitas) = dá-lhe postagem.
A cada semana, reels, feeds, vídeos e shorts nos levam a crer que nada é suficiente para aqueles que querem os 15 minutos de fama – assim como preconizava Wendy Warrol.
Nas redes socias assim como na vida real, todos querem ter seu dia de influencer. Querem criar algum tipo de conteúdo e, se possível, ter um exército de fãs. Se por um lado temos o polo ativo acima descrito, do outro lado aqueles que hoje passam seus dias consumindo a vida como ela é....ou como deveria ser – a dos outros.
O que estamos vivendo é uma grande fogueira de vaidades que, em sua grande maioria nos transforma em expectadores de um reality show da vida real. BBB que se cuide. As redes chegaram a um nível de produção que segundo recente relatório da DE-CIX, nossa biblioteca virtual mais conhecida como “nuvem” produziu mais de 122 Zetabytes, (já tinha ouvido falar desta medida?). Sorte distinta não coube ao tráfego global de dados que aumentou em 2023 23%, atingindo 59 exabytes. Espaço para suas postagens é o que não vai faltar.
Mas voltando a vaidade, a pergunta que não quer calar é para onde estamos indo como sociedade? Quais outros exemplos de posturas e buscas, sabe-se lá por que tipo de padrão ainda nos atingem? Quem busca se posicionar neste e em outros mercados de consumo e exposição o faz por quais motivos? As apostas são de que estamos ou continuamos a trajetória de buscar algo inacessível, inenarrável e continuamente em avanço. O homem, desde seus primórdios, se relaciona com o poder e o ter, de uma forma muito complexa. Quero tenho, tenho quero.
Até onde vamos neste sopro de nada. Nesta busca continua por algo que é inalcançável?
Conheço alguns amigos, hoje mais conhecidos, que tem tudo o que buscam. Não lhes falta poder e recursos. Exercem como ninguém suas prerrogativas e sempre se apresentam como fortes e pujantes. Mas lá no intimo o que vejo são fragmentos de pessoas pequenas, de uma busca de algum degrau a mais, mesmo que para isso busquem por caminhos nada ortodoxos, por elementos que os tirem de uma realidade para algo mais transcendental – alguns “baratos”, paixões fugazes que sempre terminam em um próximo relacionamento, casamentos desfeitos por pouco ou quase nada, luxos exacerbados, um foco insano nos negócios e um vazio gigante que acaba muitas vezes em suicídio, doses de antidepressivo ou coisa pior.
Esse estilo de sociedade que vemos hoje e essas experiencias descritas já foram tentadas por grandes lideres como Salomão. Esse, como profeta, viveu nababescamente em seu tempo. Tinha de tudo o que queria. Mulheres a sua disposição – mais de 1000. Templos, Palácios, uma infinidade de animais e pastos - eram incontáveis em tamanho. Todo tipo de metais preciosos e uma grande produção cultural e intelectual não lhe faltaram. Mas Salomão nos ensinou que tudo o que conseguiu conquistar em termos terrenos não era suficiente para lhe causar uma sensação de saciedade. Sempre buscou mais...e mais. E Morreu com a certeza de que a única saída era sua crença em um deus maior. Em uma fé e espiritualidade na presença do senhor. O Salomão de hoje são muitos de nós que ainda teimam em procurar por algo como esse conceito de saciedade plena que a sociedade quer nos impor, sem saber que tudo é vento. Tudo é vaidade.
Espero que você consiga buscar as mesmas respostas que Salomão e entenda que a vaidade não lhe levará a bom termo. Ela é passageira e você merece ser o motorista do seu destino.
Pense nisso.
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