O automobilismo no país vem construindo nos últimos anos um lugar extremamente fértil para que marcas possam consolidar estratégias e apresentar seus produtos/serviços, ainda que com os desafios de não termos a melhor infraestrutura para atender competições nacionais e internacionais.
Tirando o autódromo de interlagos, que hoje divide sua concorrida agenda entre mega festivais e algumas poucas provas do automobilismo, incluindo o tão esperado GP de SP de Formula 1, demais pistas em Goiânia, Cascavel e interior de SP se dividem em fazer o circo girar. Sobra até para o sambódromo de SP realizar os E-Prix de Formula-e (sim, os elétricos ainda correm em formato rua), ao menos até a próxima edição em dezembro, quando uma nova geração de motores e velocidade deve tornar esse movimento mais complexo. Outra que vem buscando seu lugar ao sol, ou melhor, nas ruas é a Stock Car. A competição ganhou uma edição em BH - Stock Festival, que injetou neste primeiro ano 250 milhões na regiao metropolitana e deixou em impostos para a municipalidade mais de 30 milhões de reais e ocupação da rede hoteleira ultrapassando 75% da capacidade, tendo a presença de mais de 70 mil pessoas em um unico final de semana. Dúvidas do sucesso? Nenhuma, não é mesmo.
O automobilismo representa o segundo maior esporte do mundo, ainda que exista uma distância da volumetria qunando comparado com o futebol - o primeiro da lista. Inegável, porém que, por meio do automobilismo, as marcas possam "falar" com uma audiência incrível e que vem rejuvenescendo a cada temporada. Em recentes pesquisas o público da novata formula-e - que completou uma década de existência, já está praticamente igualado entre homens e mulheres (isso mesmo), além de terem presença de mais de 16% de gamers em suas transmissões e eventos físicos espalhados pelo mundo - que já chegam à marca dos 400 milhões de expectadores. É ESG na essência e dois pilotos brasileiros competindo em pé de igualdade - Sergio Sette Camara e Lucas Di Grassi. A irmã mais velha, Formula 1, cresce sua audiência em mais de 2 dígitos a cada ano tendo a Liberty - detentora dos direitos da categoria, o mérito por esse rejuvenescimento em estratégias - desde pilotos gamers até a serie no Netflix - Drive to Survive e novas edições em solo americano, que cooptaram ainda mais publico. Mas, ainda assim, fica para além do problema de pistas hábeis para que as categorias nacionais e internacional possam correr/chegar ao país, a dificuldade de gestores de marcas perceberem o tamanho deste mercado e os pontos de contato que poderiam (e não são) contemplados em estratégias de marketing, branding e toda sorte de ativações possiveis.
Mas, Leo, as marcas ativam no Grande Prêmio de São Paulo e até em algumas categorias nacionais, você poderia me questionar. Sim, algumas poucas marcas ativam, como é o caso da porto, brb e ainda a vibra. Três exemplos em um universo gigante de possíveis patrocinadores que deixam de ativar fortemente no setor. Uma seguradora, que é cartão de credito e banco, um banco com sede em Brasília e braços pelo país e uma distribuidora de combustíveis - a terceira, a mais lógica pelo mercado em que atua colhe frutos de seus investimentos em pilotos, creators e competições. Ganham imensa força de marca e impacto positivo nos seus números ao fechamento de mercado. E com as demais...o que ocorre?
Eliminando as marcas de laboratorio que muito mais "vestem" seus proprios pilotos e alguma industria que permuta em infra-estrutura seguimos para aquelas que compram camarotes para fazer o bom e velho lobby nos 3 dias do evento (isso fica bem pequeno para as possibilidades de ativações ao longo do ano e até mesmo nos meses que antecedem o GP), marcas internacionais se valem de patrocínios mundiais e chegam com alguma complementação estratégica em Terras Brasilis. Mas é pouco, muito pouco.
No geral, a falta de entendimento dos profissionais de mídia e marketing sobre o esporte a motor e a contínua estratégia do "mais do mesmo" e "em time que está ganhando"...prevalece. Isso para não dizer que, em alguns casos é preguiça mesmo. Está mais do que na hora de pensarem fora da caixa ou melhor, dentro de um cockpit das oportunidades reais de conduzir suas marcas ou as de seus clientes que pagam milhões para estarem em suas estruturas e serem bem atendidos e com planejamentos bem feitos.
Com certeza, além de vermos o esporte florescer ainda mais aqui no país e trazermos novas divisas, teremos mais investimento e finalização de obras em pistas e novas cidades/estados participando deste resultado como os excelentes conquistados pela direção do BH Stock Festival. Não é demais lembrar que o último GP de São Paulo movimentou mais de 1 bilhão e seiscentos milhões de reais na economia da cidade. Mais de 200 mil pessoas circularam por São Paulo consumindo de tudo um pouco e, claro, foram impactadas por marcas que ali estiveram envolvidas.
A sua estava por lá?
Um abraço e até a próxima.