Falar de empreendedorismo sempre foi algo complexo e muitas vezes excludente para grande parte da população. Fomos forjados em uma cultura de emprego e renda e, empreender, era arte para poucos.
O salário em troca de um esforço – seja em que área e competência estivesse, era o movimento limítrofe. Pensar em mais do que isso poderia ser considerado um tabu. Os que conseguiam ultrapassar tais limites eram empresários e industriais, pais e filhos que já possuíam formação cultural e educacional, muitas vezes internacional e um significativo background financeiro vindo de gerações. Alguns poucos exemplos de pessoas, fora dessa bolha, vieram de áreas como o futebol, comércio, prestação de serviços, construção, agropecuária, etc. Grande parte buscava a sobrevivência, desviaram-se de obstáculos, de medos e preconceitos, questões de diversidade e, por fim ainda tinham um talento especial – queriam verdadeiramente mais para si e para suas famílias. Superaram todos os limites. Empreenderam.
Muita coisa mudou de lá para cá.
As redes sociais e um mundo sem fronteiras embalaram nossos caminhos e nos aproximaram pela tela do celular de exemplos de “quem” e “como” empreender. Ainda assim, mantem-se até hoje a cultura de colocar em evidência e referência personagens muito fora do contexto e da realidade que nos cerca. Os bem-sucedidos profissionais que poderiam trazer à tona um espírito empreendedor estão à quilômetros de distância do universo que compreende uma grande maioria. Existe algo como um oceano entre essas pessoas. E o pior, sem um barco, um bote ou mesmo um pedaço de madeira para se agarrar na travessia.
Mas se os exemplos estão fora de contexto, como construir uma conjunção de interesses mais próxima? Quais valores e adjetivos devem ser colocados nesta narrativa sem que ela pareça tão distante aos olhos de quem a receba? Quais podem ser os atores dessa jornada que aproximem e unam as partes?
START You(r) BEE - Tudo pode dar errado, mas tudo pode dar certo.
Aerodinamicamente o corpo de uma abelha não é feito para voar – a largura de suas asas é muito pequena para manter proporcionalmente seu corpo em voo. Mas a abelha não sabe disso...ela não sabe nada sobre isso. Não conhece essa lógica e tampouco teve contato com a matéria. Ela simplesmente, apesar de tudo jogando contra, voa de qualquer maneira. Está em seu DNA. Esse para nós é o espírito e o desejo de quem quer empreender. SUPERAÇÃO.
E, em qual universo estão esses personagens que precisamos trazer à tona?
O cenário da economia de criadores no mundo vem se fortalecendo com uma velocidade incrível. As programações lineares de conteúdo - que por décadas nos traziam uma sensação de espera para, por fim, assistirmos ao programa de interesse, foram há muito substituídas por algo bem mais orgânico, buscado por afinidade e interesses, seja aonde esse conteúdo esteja e por personagens que fogem ao estereótipo daquilo que sempre nos direcionavam para consumo. Formatos diferentes em tempos, redes de consumo, personagens, estética, conteúdo, enfoque e diversos outros movimentos que nos enclausuravam como sociedade a um padrão de consumo ora vencido. Os resultados destas décadas de oligopólio e as portas que se abriram já são conhecidos. As redes sociais construíram um movimento à la Andy Warrol dando voz e vez e mais do que os 15 minutos de fama os quais ele preconizava.
Todo o processo disruptivo que envolve esse movimento tem início em pessoas - as que produzem conteúdo de interesse para uma imensidão de outras que querem consumir essa experiência. No meio deste ato de entrega existem as redes que, por meio de devices, deram a voz para os excluídos do jogo.
Quem consegue ter por perto aqueles que informam, aqueles que propagam e aqueles que consomem, terá acesso amplo e irrestrito a buscar estes e outros tantos marcos financeiros que estão por aí.
Os Creators
Os criadores de conteúdo podem estar agora mesmo ao seu lado - no mercado de trabalho, na sua vida pessoal e em interações diversas pelas quais passamos diariamente.
Eles são especialistas naquilo que propagam e buscam também impactar pessoas que querem falar e ouvir sobre temas que lhes são caros, seja por meio de opiniões em vídeos ou até mesmo nas comunidades - interagindo com sua audiência. Essa é contudo, uma lógica no mínimo estranha, pois estamos generalistas nas nossas profissões, buscando cada vez mais ampliar nossos conhecimentos e entendimento para mais contextos e interesses. Estamos em um mercado que tem relatado exigências (skills) de profissionais com ampla capacidade para defender seus anseios, para além de processos tecnológicos e de growth - sejam em que áreas forem.
Já no caso da Creator Economy, as mesmas pessoas que estão buscando ser multifuncionais querem ter acesso aos joãos e marias que falem de algo mais específico. A máxima aqui é a do ortopedista - especialista em falange do dedo mindinho. Esse argumento vale para profissionais e, também, para amadores - aqueles que fazem parte de tribos de pedal, viajantes de trailer pelo país, gente que quer aprender e ensinar sobre maquiagem, futebolísticos, apaixonados por artes modernas e por qualquer pessoa que goste e consiga impactar outras por algum motivo concreto. E olha, são muitos…
No contexto, mas sempre deixados de lado, os Creators são a bola da vez e estão por aí…espalhados pelo nosso país, muitos, inúmeros, sem saber como capitalizar os seus esforços. Sempre contaram com o modelo inicial onde as redes sociais que os catapultaram, acabavam pôr os prover com algum plano de monetização, deixando para si próprias todo o comando dos bilhões de usuários que, no total, são seu grande ativo para estratégias ligadas a inteligência de dados e resultados. Na essência, o intermediário tornou-se a parte mais forte para que a mensagem chegue ao seu destinatário.
Um exército de pessoas, desconexo, começou a acordar e entender que um dos principais ativos nesta jornada é a mensagem e seu criador e que existem outras formas de chegar ao interessado final. Seja por um volume maior de redes a serem absorvidas nesta jornada e ainda por ferramentas que tenham o condão de trazer mais força, resultados e propriedade aos donos do conteúdo e aos que o seguem.
Um dos grandes desafios (e oportunidade) que nos cercam está em dar a voz e vez a estas milhões de pessoas que, formalmente ou ainda informalmente podem ser consideradas um Creator por meio da geração de conteúdos para terceiros. Estima-se que um quarto da população já tem em seu DNA o desejo de construir essa cadência.
Existem nesta jornada as situações ligadas ao desconhecimento de como construir conteúdos de qualidade e de forma mais ágil e como se comportar junto às questões algorítmicas e de growth. E existe uma certeza: Um Creator nada mais é do que um empreendedor.
E vc, faz parte desse novo modelo de empreendedorismo 5.0?
Abraços e até a próxima
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