
O rapper Oruam quebrou o silêncio e, pela primeira vez em rede nacional, falou abertamente sobre sua relação com seu pai, Marcinho VP, um dos nomes mais conhecidos do crime organizado no Brasil. Durante entrevista ao Domingo Espetacular, ele trouxe à tona um lado pouco conhecido da história e surpreendeu ao definir o pai como “um exemplo”.
“Eles dizem que ele é o líder, mas, na verdade, ele nem é. O meu pai foi preso quando tinha 19, 20 anos. Não tem como ele, com essa idade, ser esse monstro que a sociedade quer”, declarou o rapper. Ele também revelou que, apesar da fama do pai, Marcinho VP sempre tentou afastá-lo da realidade do crime. “Ele foi um ótimo pai, um exemplo para mim. Ele tentou esconder a gente o tempo todo da favela, tentou tirar a gente do morro para que a gente não visse aquilo e não quisesse aquilo para a gente”, contou.
Oruam ainda reforçou que sua trajetória foi construída com esforço próprio e que seu sucesso não tem ligação com o passado do pai. “Tudo que conquistei foi com a minha música, porque eu não tinha nada antes. Se hoje consegui conquistar o Brasil, foi porque meu pai me ensinou o caminho certo: ‘Filho, você tem que trabalhar, tem que estudar e ser honesto’. Só fui com a foto do meu pai porque ele é meu pai!”, afirmou.
Sem medo de se posicionar, o rapper fez uma reflexão sobre sua missão na música e a realidade do país. “O Brasil é isso! É o funk, o rap, o pagode, o samba, é o povão. Eu canto a realidade das favelas: a pobreza, a desigualdade. Falta oportunidade! Enquanto o último daqui não vencer, eu também não venci”, disparou.
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A entrevista gerou grande repercussão e reacendeu debates sobre a relação entre o crime, a cultura periférica e as oportunidades que a sociedade oferece a jovens da favela. Oruam deixou claro que sua música não é apenas entretenimento, mas uma voz ativa para aqueles que não têm espaço para serem ouvidos.