Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu uma queda em sua residência no Palácio da Alvorada, em Brasília, que resultou em um sangramento cerebral. Apesar de inicialmente não apresentar sinais graves, o quadro evoluiu, e, após dores de cabeça intensas, o presidente foi diagnosticado com hemorragia intracraniana. A situação exigiu uma cirurgia de emergência no Hospital Sírio-Libanês, que foi bem-sucedida. Lula recebeu alta em 19 de dezembro e voltou para Brasília.
Esse episódio trouxe à tona a atenção necessária à saúde cerebral, conforme explica Dr. Wuilker Knoner. Em entrevista, ele detalhou a gravidade de traumas cranianos, destacando o caso do presidente como um alerta para cuidados preventivos e resposta rápida a esses incidentes.
Hemorragia cerebral: o que é e como ocorre
De acordo com o neurocirurgião, a hemorragia intracraniana ocorre quando há um sangramento dentro do crânio, geralmente devido à ruptura de vasos sanguíneos no cérebro. Ela pode ocorrer em três formas principais: hemorragia cerebral (dentro do cérebro), hemorragia subaracnóide (entre os vasos) e hematoma subdural (entre o cérebro e a camada protetora do crânio).
“Isso pode acontecer por traumas, pressão alta, aneurismas ou malformações vasculares. O sangue acumulado em cima do cérebro pode comprimir áreas cerebrais, prejudicar o fluxo sanguíneo normal e causar danos neurológicos graves”, explicou o médico. Entre as possíveis complicações estão dores de cabeça intensas, paralisia, dificuldades na fala ou, em casos graves, risco de morte.
Sinais iniciais e evolução da hemorragia cerebral
Dr. Wuilker alerta que os sintomas de uma hemorragia cerebral incluem dor de cabeça súbita e intensa, visão turva, fraqueza ou dormência em um lado do corpo, dificuldade para falar e confusão mental. “Esses sinais indicam um possível sangramento agudo e exigem atendimento médico imediato”, afirmou.
Ele também explicou sobre os hematomas subdurais crônicos, que evoluem lentamente após traumas leves, como uma batida na cabeça ou uma queda. “Inicialmente, os sintomas podem ser leves, como esquecimento ou desorientação. Contudo, se o hematoma crescer sem tratamento, pode levar à paralisia e até ao coma”, alertou.
No caso de Lula, o hematoma subdural evoluiu gradualmente, resultando em sintomas mais graves e exigindo intervenção cirúrgica. “O trauma rompeu pequenas veias, e o sangue se acumulou lentamente. Com o tempo, o efeito osmótico atraiu mais líquido para a área, agravando o quadro”, detalhou o médico.
*Riscos e complicações durante o tratamento*
Complicações comuns incluem infecções, inchaço cerebral, convulsões, problemas respiratórios e sequelas neurológicas. “Durante a recuperação, existe também o risco de novos sangramentos, principalmente em pacientes com fatores de risco como uso de anticoagulantes, hemofilia ou etilismo”, explicou Dr. Wuilker.
Por isso, no caso de Lula, foi realizada a embolização da artéria meningéia média, procedimento que reduz o risco de novos sangramentos. “Esse tratamento diminui a circulação na meninge e ajuda a prevenir complicações futuras”, completou o neurocirurgião.
Reabilitação e cuidados para a recuperação
A recuperação após uma hemorragia cerebral exige um acompanhamento médico contínuo e individualizado. Segundo Dr. Wuilker, fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia são fundamentais para recuperar movimentos, fala e comunicação. “Hoje, também usamos a Estimulação Magnética Transcraniana para pacientes com déficits neurológicos”, destacou.
Além disso, ele reforça a importância do monitoramento constante e do uso de exames como tomografias e ressonâncias magnéticas para acompanhar a evolução do quadro. “A recuperação depende de fatores como idade, gravidade do sangramento e estado geral do paciente. Quando a intervenção é rápida e o paciente chega ao hospital com sintomas leves, a recuperação tende a ser mais eficaz”, acrescentou.
Prevenção e conscientização sobre saúde cerebral
O neurocirurgião enfatiza que a prevenção de lesões cerebrais é essencial, especialmente entre idosos, que têm maior risco de quedas devido à perda de equilíbrio e força muscular. “Medidas como evitar quedas, controlar a pressão arterial e buscar atendimento médico imediato ao notar sintomas são cruciais para prevenir danos cerebrais graves”, orientou.
“O caso do presidente Lula reforça a importância de cuidar da saúde cerebral e de nunca ignorar sinais como dores de cabeça fortes, alterações na fala ou perda de força nos membros. O tempo é cérebro”, concluiu Dr. Wuilker Knoner.