
Macacos bonobos selvagens são os parentes vivos mais próximos do ser humano, por isso, compartilham algumas semelhanças. Um novo estudo, publicado na revista Nature, revela que esses animais se comunicam usando chamadas vocais organizadas em estruturas semânticas composicionalmente complexas que refletem características-chave da linguagem humana.
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Segundo os pesquisadores, as descobertas, lideradas pelo Instituto Max Planck de Antropologia, na Alemanha, desafiam suposições antigas sobre a singularidade da linguagem humana e abrem novas possibilidades para a compreensão da evolução da comunicação. Uma característica marcante da linguagem humana é sua capacidade de combinar elementos discretos para formar estruturas mais complexas e significativas.
Esse princípio, conhecido como "composicionalidade", permite a montagem de morfemas — a menor unidade da linguagem com significado — em palavras e frases. O significado do conjunto é determinado pelas partes que o compõem e pelo arranjo delas. A composicionalidade pode assumir duas formas: trivial e não trivial. Na trivial, cada palavra mantém seu significado independente.
A comunicação não trivial envolve um relacionamento mais complexo entre as palavras, o significado não é simplesmente uma soma direta das palavras envolvidas. Essa composição de morfemas pode não ser exclusiva da linguagem humana, estudos em pássaros e primatas demonstraram que são capazes de combinar vocalizações significativas em estruturas mais simples. Entretanto, até o momento, não havia evidências diretas de que os animais utilizem composicionalidade não trivial na comunicação.
Agora, os cientistas notificaram diversas evidências de que esses macacos selvagens usam essa comunicação não trivial vocal. A equipe avaliou 700 gravações de chamadas vocais e combinações de chamadas de bonobos e documentaram mais de 300 características contextuais associadas a cada uma.
Empregando um método derivado da semântica distribucional — uma estrutura linguística que mede similaridades de significado entre palavras- os pesquisadores analisaram essas características contextuais para inferir os significados de vocalizações individuais de bonobos e quantificá-las.
Para avaliar se as combinações de chamadas dos macacos seguiam princípios composicionais, os cientistas aplicaram uma abordagem em várias etapas usada anteriormente para identificar a comunicação humana. A equipe descobriu que os tipos de manifestações por meio de sons entre os bonobos integram quatro estruturas, três das quais exibem composicionalidade não trivial, sugerindo que o contato oral desses símios compartilha mais similaridades com a linguagem humana do que se acreditava anteriormente.
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