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DESCOBERTA

Cratera criada por impacto mais antiga da Terra é encontrada na Austrália

Única conhecida do período arqueano até o momento, formação foi constituída por meteorito que atingiu o planeta a 36.000 km/h, cerca de 3,5 bilhões de anos atrás. Descoberta pode contribuir para conhecimento sobre origem da vida 

Um estudo publicado no último dia 6 de março na revista Nature identificou, na Austrália, a cratera formada por impacto de meteorito mais antiga do mundo. Essa descoberta, feita por pesquisadores da australiana Universidade Curtin, pode redefinir o que se sabe sobre a formação da Terra e sobre a constituição de ambientes favoráveis à vida no planeta. 

Evidências do impacto foram encontradas em camadas rochosas do Domo do Polo Norte, em Pilbararegião a oeste da Austrália Ocidental. Ele foi descoberto graças a formações rochosas constituídas apenas sob pressão intensa de meteorito, chamadas “cones de estilhaçamento”. 

Esses cones teriam sido formados por um meteorito que atingiu a área a mais de 36.000 km/h, estabelecendo uma cratera de mais de 100 km de largura. O impacto com o solo teria sido tão forte que teria lançado detritos por toda a extensão do globo. 

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De acordo com o estudo, isso aconteceu há cerca de 3,5 bilhões de anos — 1,3 bilhão a mais do que a cratera mais antiga conhecida até então —, sendo a primeira formada no período arqueano que se tem conhecimento até o momento. “Antes da nossa descoberta, a cratera de impacto mais antiga tinha 2,2 bilhões de anos, então esta é de longe a cratera mais antiga já encontrada na Terra”, explicita, em comunicado à imprensa, um dos líderes da pesquisa, Tim Johnson. 

Segundo ele, é possível saber da existência de grandes impactos durante o início do sistema solar ao observar a Lua. A falta de conhecimento em relação aos que atingiram a Terra, porém, faz com que este estudo seja “peça crucial do quebra-cabeça” e sugira a existência de “muitas outras crateras antigas que podem ser descobertas ao longo do tempo”. 

Outro coautor, Chris Kirkland, diz que a descoberta ajuda a entender como meteoritos moldaram o ambiente inicial terrestre e podem ter favorecido o início da vida: “Descobrir esse impacto e encontrar mais do mesmo período de tempo pode explicar muito sobre como a vida pode ter começado, já que as crateras de impacto criaram ambientes favoráveis à vida microbiana, como piscinas de água quente”.  

Além disso, a energia gerada pelo impacto pode ter tido papel na formação da crosta terrestre primitiva, bem como na formação de crátons — massas de terra estáveis que se tornaram base dos continentes. 

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