
Elefantes africanos lidam com suas necessidades alimentares da forma mais eficiente possível. Dados coletados de mais de 150 espécimes revelaram que esses animais planejam suas viagem considerando a energia que será gasta e a disponibilidade de recursos. As descobertas publicadas na revista Journal of Animal Ecology, podem fornecer informações essenciais para proteger esses grandes mamíferos.
- De vilão a mocinho? Como engenharia genética pode transformar tabaco e criar novos remédios
- Trump deve cortar repasses para compras de vacinas
Todos os dias esses gigantes devem consumir entre 4% e 7% do próprio peso corporal, um trabalho difícil, por serem herbívoros. O tamanho robusto também não facilita a busca por comida, sendo um grande esforço viajar por longas distâncias. Para os cientistas, compreender como esses gigantes se movem é essencial para elaborar estratégias de conservação eficazes, sobretudo porque a perda do habitat e a interferência humana continuam colocando a espécie em risco.
O novo estudo, liderado por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, do Centro Alemão de Pesquisa Integrativa em Biodiversidade (iDiv) e da Universidade Jena Friedrich-Schiller, na Alemanha, usou dados de rastreamento por GPS de 157 elefantes africanos coletados ao longo de 22 anos no norte do Quênia. Os dados foram coletados pela Save the Elephants, uma instituição de caridade, pesquisa e conservação registrada no Reino Unido e sediada no Quênia.
Principais resultados
Segundo os cientistas, os elefantes preferem paisagens nas quais o ‘custo’ de movimentação menor. Noventa e quatro e por cento dos espécimes estudados evitavam encostas íngremes e terrenos acidentados. O que sugere que eles estão cientes do terreno em seu entorno e escolhem os caminhos mais eficientes em termos de energia.
Os elefantes selecionam áreas com maior produtividade de vegetação, com 93% indicando preferência por locais ricos em recursos. As fontes de água também foram um fator decisivo para os mamíferos. Alguns se mantêm perto da água, enquanto outros vão mais longe, mostrando que suas escolhas de movimento são mais complexas do que viajar para o rio ou lagoa mais próximo.
Elefantes que andam mais rápido evitam ainda mais terrenos difíceis, em que o trajeto gastaria mais energia. Pelo menos 74% dos espécimes evitaram áreas acidentadas quando se moviam lentamente, o que aumentou para 87% quando andavam em velocidades intermediárias e para 93% quando se moviam rápido.
Para os pesquisadores, os resultados sugerem que os animais equilibram cuidadosamente o esforço e a eficiência energética, especialmente durante viagens longas. De acordo com os autores, o comportamento dos elefantes é comparável ao das aves que parecem usar deliberadamente elevações térmicas favoráveis para reduzir os custos energéticos do voo.
O coautor, o professor Fritz Vollrath, da Universidade de Oxford, afirmou que, “embora pesquisas mais detalhadas sejam necessárias para entender completamente como um elefante usa seu habitat, este estudo identifica um fator central na tomada de decisões para elefantes viajantes: economizar energia sempre que possível.”