ASTRONOMIA

Adolescente faz descoberta surpreendente sobre eco de luz em buraco negro

Julian Shapiro, de apenas 17 anos, descobriu um eco de luz de um buraco negro que pode ser maior que a Via Láctea

A descoberta de Shapiro foi apresentada no Global Physics Summit de 2025 da Sociedade Americana de Física (APS) -  (crédito: Freepik/Reprodução)
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A descoberta de Shapiro foi apresentada no Global Physics Summit de 2025 da Sociedade Americana de Física (APS) - (crédito: Freepik/Reprodução)

Um adolescente de apenas 17 anos fez uma descoberta surpreendente sobre os buracos negros. Enquanto examinava o cosmos em busca de restos de supernovas (uma explosão estelar luminosa), Julian Shapiro acidentalmente encontrou um eco de luz de um buraco negro maior que nossa galáxia, a Via Láctea. 

Quando um buraco negro no centro de uma galáxia se extingue, ainda se pode encontrar o "fantasma" pairando nas nuvens de gás ao redor, brilhando com a radiação restante, semelhantes a fios de fumaça emanando de uma chama já extinta. Segundo a astronomia, esses "fantasmas" são os ecos de luz. 

A descoberta de Shapiro foi apresentada no Global Physics Summit de 2025, da Sociedade Americana de Física (APS), na quinta-feira (20/3). O evento é a maior conferência de pesquisa em física do mundo, reunindo 14 mil nomes da comunidade científica de todas as disciplinas da física.

Na apresentação do estudo, o adolescente explicou que o eco é resultante das "regiões externas de gás sendo ionizadas por um buraco negro supermassivo". "Foi uma verdadeira surpresa tropeçar nisso", disse Shapiro à revista Live Science.

Inicialmente, Julian vasculhava o DECaPS2, um inventário do plano galáctico do sul da Câmera de Energia Escura do Observatório Interamericano de Cerro Tololo, no Chile, com o objetivo de encontrar detritos de estrelas em explosão em remanescentes de supernovas e nebulosas planetárias.

Ao focar em um desses objetos, o jovem notou que a estrutura não correspondia com os filamentos característicos de uma supernova, e nem mostrava evidências de uma supernova em seu centro. 

Julian acredita que o objeto é um eco de luz que está em um campo de potenciais buracos negros supermassivos. Usando as medidas do Telescópio Africano do Sul, ele encontrou concentrações de oxigênio e enxofre ionizado polvilhado pela região — dois indicadores da colisão do material.

Todos esses sinais sugerem que o objeto é resultado de um brilho de resíduos de um buraco negro agora adormecido, que antes expelia radiação que ionizava o gás ao redor, fazendo com que emitisse luz mesmo depois que se acalmasse.

Shapiro estima que o eco de luz que ele encontrou tenha cerca de 150.000 e 250.000 anos-luz de diâmetro, cerca de 1,5 a duas vezes a largura de toda a Via Láctea. Se o cálculo estiver correto, o jovem acredita que pode ser um candidato viável para o maior eco de luz já descoberto. "Esse objeto cobre a grande área do céu que facilita a captura de imagens aprofundadas", apontou.

"Meu envolvimento nessa área de pesquisa foi uma surpresa para mim. Mas espero que esse objeto, em particular, ajude a expandir o conhecimento das atividades galácticas das quais não temos uma compreensão muito grande", ressaltou. 

Julian é estudante da The Dalton School, em Nova York. Entre as aulas e a busca por faculdades em potencial, ele também é um astrônomo independente que faz apresentações em conferências globais, como a reunião da APS.

Yasmin Rajab
postado em 24/03/2025 11:54 / atualizado em 24/03/2025 11:58