
Um megatelescópio em construção será capaz de detectar vida extraterrestre em apenas 10 horas de observação de um exoplaneta (os existentes fora do sistema solar). O ELT (Extremely Large Telescope, ou telescópio extremamente grande, em tradução livre), do Observatório Europeu do Sul, está sendo erguido no topo de uma montanha no deserto do Atacama, no Chile, desde 2017 e deve começar a funcionar em 2029.
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Um estudo da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, enviado para publicação no The Planetary Science Journal, ainda em revisão, explora a viabilidade de detectar sinais de habitabilidade e vida em exoplanetas. Por meio de simulações detalhadas, as duas cientistas que assinam o artigo investigam a detectabilidade de diversas moléculas atmosféricas, incluindo potenciais bioassinaturas e indicadores de falsos positivos, considerando diferentes tipos de atmosferas planetárias e configurações observacionais.
Os resultados indicam que a caracterização atmosférica de exoplanetas próximos, como Proxima Centauri b, poderá ser possível com tempo de observação razoável, abrindo caminho para a busca de mundos habitáveis além do nosso sistema solar.
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O estudo emprega simulações de alta resolução e alto contraste para diversos cenários planetários, incluindo atmosferas semelhantes à Terra (pré-industrial e arqueana), mundos com falsos positivos de bioassinaturas (perda oceânica e Terra prebiótica) e um sub-Netuno (planeta com um raio menor que Netuno).
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Os resultados indicam que a água (H2O) pode ser uma das primeiras moléculas detectadas, especialmente a banda de 0.9 µm (luz infravermelha de ondas curtas) para planetas como Proxima Centauri b, a estrela mais próxima do Sol, possivelmente em poucas horas de observação. Oxigênio (O2), dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) também são considerados detectáveis, mas geralmente requerem tempos de integração mais longos.
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Segundo as pesquisadoras, a detecção de amônia (NH3) pode ser fundamental para discriminar entre atmosferas terrestres e sub-Netunos. As simulações consideram diferentes tipos de estrelas anãs M como hospedeiras e analisam como o tipo estelar afeta a detectabilidade molecular.
O telescópio ELT terá um espelho de 39m e será o maior do mundo para luz visível e para visão infravermelho. Basicamente, os cientistas esperam responder três grandes perguntas que permeiam a astronomia:
- Estamos sozinhos no Universo?
- As leis da física são universais?
- Como as primeiras estrelas e galáxias se formaram?