
Agravada pelos recentes recordes de temperatura, a crise climática global tem impactos profundos sobre a saúde humana, com aumento de casos de doenças crônicas e infecciosas, além de partos prematuros e danos ao neurodesenvolvimento. Porém, um estudo do Instituto Qualisa de Gestão (IQG) constatou que, no Brasil, os profissionais da área médica têm pouco conhecimento sobre essa relação.
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Dados preliminares da pesquisa inédita, realizada com 400 profissionais de saúde pública e privada na região Norte — mas com experiência de atendimento em todo o país — indicam uma lacuna no entendimento sobre como as mudanças climáticas podem desencadear ou agravar condições médicas. A desinformação foi constatada por meio de questionários aplicados, esclarece Mara Machado, CEO e fundadora do IQG.
"As mudanças climáticas estão também mudando muito rapidamente a dinâmica da saúde no país. Precisamos estar cientes disso para adequar as políticas públicas e aperfeiçoar a gestão de hospitais e clínicas particulares às necessidades regionais, caso contrário iremos sobrecarregar ainda mais o sistema de saúde, que já enfrenta dificuldade para lidar com a crescente demanda", acredita Mara Machado. "Há forte impacto na prática clínica, na medicina baseada em evidências, no comportamento de doenças conhecidas e no surgimento de novas enfermidades."
A fundadora do IQG cita, por exemplo, estudos que associam a alta da poluição com partos prematuros. "Mais de 300 mil bebês nascem prematuramente no país, por ano. Logo, precisamos reforçar ações em favor do pré-natal, especialmente em regiões com poluição elevada ou em crescimento diz, citando também as associações entre partículas tóxicas na atmosfera e asma, além de doenças cardiovasculares.
Outra preocupação, segundo a CEO, é com doenças infecciosas transmitidas por mosquitos, como a dengue, ou pela água contaminada, como a leptospirose. "Tudo isso requer a conscientização dos gestores públicos e privados na saúde, o que começa com a percepção dos médicos e demais profissionais da área para a necessidade de estratégias que possam se ajustar rapidamente ao impacto das mudanças climáticas na saúde", acredita Mara Machado.
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