Mudanças Climáticas

Crise climática: efeitos na saúde são desconhecidos para maioria dos profissionais

Pesquisa realizada com 400 trabalhadores da área mostra que muitos ignoram os impactos das mudanças climáticas na mente e no corpo humano, sobretudo as questões relativas às doenças crônicas e os partos prematuros

Pacientes buscam atendimento especializado nos hospitais  
 -  (crédito: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
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Pacientes buscam atendimento especializado nos hospitais - (crédito: Leandro Couri/EM/D.A.Press)

Agravada pelos recentes recordes de temperatura, a crise climática global tem impactos profundos sobre a saúde humana, com aumento de casos de doenças crônicas e infecciosas, além de partos prematuros e danos ao neurodesenvolvimento. Porém, um estudo do Instituto Qualisa de Gestão (IQG) constatou que, no Brasil, os profissionais da área médica têm pouco conhecimento sobre essa relação. 

Dados preliminares da pesquisa inédita, realizada com 400 profissionais de saúde pública e privada na região Norte — mas com experiência de atendimento em todo o país — indicam uma lacuna no entendimento sobre como as mudanças climáticas podem desencadear ou agravar condições médicas. A desinformação foi constatada por meio de questionários aplicados, esclarece Mara Machado, CEO e fundadora do IQG. 

"As mudanças climáticas estão também mudando muito rapidamente a dinâmica da saúde no país. Precisamos estar cientes disso para adequar as políticas públicas e aperfeiçoar a gestão de hospitais e clínicas particulares às necessidades regionais, caso contrário iremos sobrecarregar ainda mais o sistema de saúde, que já enfrenta dificuldade para lidar com a crescente demanda", acredita Mara Machado. "Há forte impacto na prática clínica, na medicina baseada em evidências, no comportamento de doenças conhecidas e no surgimento de novas enfermidades."

A fundadora do IQG cita, por exemplo, estudos que associam a alta da poluição com partos prematuros. "Mais de 300 mil bebês nascem prematuramente no país, por ano. Logo, precisamos reforçar ações em favor do pré-natal, especialmente em regiões com poluição elevada ou em crescimento diz, citando também as associações entre partículas tóxicas na atmosfera e asma, além de doenças cardiovasculares. 

Outra preocupação, segundo a CEO, é com doenças infecciosas transmitidas por mosquitos, como a dengue, ou pela água contaminada, como a leptospirose. "Tudo isso requer a conscientização dos gestores públicos e privados na saúde, o que começa com a percepção dos médicos e demais profissionais da área para a necessidade de estratégias que possam se ajustar rapidamente ao impacto das mudanças climáticas na saúde", acredita Mara Machado. 

 

Paloma Oliveto
postado em 20/03/2025 06:01